Passeios com burros mirandeses no Algarve ajudam a travar extinção
Na herdade Burro Ville há 17 burros lanudos, que podem levar os turistas a passear.
Ao todo, são 17 os burros mirandeses – ou lanudos, como também são conhecidos – que povoam a Burro Ville, na Mexilhoeira Grande, em Portimão. Na sua maioria são fêmeas já nascidas no Algarve, a mais de 500 quilómetros de Miranda do Douro, o local de origem da espécie.
"Participamos orgulhosamente na manutenção da espécie, evitando a sua extinção, que estava latente", refere a directora da Burro Ville, Ana Lúcia Marques, acrescentando que, de início, a herdade recebeu sete exemplares provenientes da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), embora agora a procriação já seja feita na quinta.
O Calimero é neste momento o único macho reprodutor na quinta, mas terá que ser trocado por outro em breve, uma vez que as suas filhas estão prestes a atingir a idade para procriar e é preciso assegurar que não há consanguinidade, para manter a raça pura, explicou a responsável.
O pelo comprido e fofo dos burros e o seu caráter dócil fazem as delícias das crianças. Como Biel, menino espanhol de três anos residente em Barcelona e de férias no Algarve com a família, que depois de um passeio num burro albardado pela herdade, com a mãe, não queria descer do animal.
A mãe, Viola Oschütz, contou à Lusa que descobriu a herdade na Internet e decidiu escolhê-la para passar uns dias devido à proximidade com o Autódromo do Algarve, uma vez que o marido, piloto de motos, ia participar numa prova. "Gostei muito, a paisagem é linda e os animais são muito dóceis", contou a turista, observando que, apesar de já ter andado a cavalo, nunca tinha andado de burro, uma experiência que espera repetir.
Apesar de os burros serem conhecidos como sendo teimosos, esta raça está mais apta para o contacto com as pessoas, é calma, mas mantém a resistência da espécie mais comum, razão pela qual o dono da herdade decidiu investir em burros mirandeses, sublinhou Ana Lúcia Marques.
O tratador dos burros, Manuel Jesus Silva, diz que são fáceis de cuidar e muito meigos, apesar de, por vezes, também "gostarem de fazer as suas partes". No entanto, têm-se portado sempre bem nos passeios, pois são mais humildes do que os burros comuns, embora "menos rijos", acrescenta.
Quando nascem "parecem umas amoras", descreve o tratador, por nascerem com o pêlo preto, que depois, com o tempo, começa a mudar de cor para um tom castanho claro.
Os passeios de burro na quinta - que desde este Verão tem também a funcionar unidades de alojamento - duram entre uma hora e uma hora e meia, mas existe também a possibilidade de se fazer um trajecto mais longo, até ao autódromo, com o qual a quinta faz fronteira.
Segundo a directora da Burro Ville, estão a decorrer negociações com uma empresa de animação turística para que os animais possam ficar fora dois dias e os turistas possam acampar e passear pelas zonas envolventes.
Outro dos projectos em vista é a possibilidade de uma técnica de saúde mental se deslocar à quinta para ali se poder fazer asinoterapia, terapia com burros destinada a crianças com deficiência ou necessidades especiais.