Os dias felizes dos novos inquilinos do Teatro do Campo Alegre
TEP regressa ao Porto, para uma residência de um ano no TCA, onde outras estruturas de Teatro, Dança e Circo se juntarão ao cinema.
O vereador da Cultura, Paulo Cunha Silva chama-lhe “Teatro em Campo Aberto”, fórmula que escreveu, a tinta em spray, no betão de uma parede da “piscina”, uma enorme sala existente sob o palco, onde a nova filosofia foi apresentada à imprensa. A direcção dos teatros municipais do Porto, liderada por Tiago Guedes, quer explorar todos os espaços do TCA e o enorme pé direito desta zona sem uso vai servir na perfeição para o trabalho das estruturas de novo circo. Mas o mais provável é que ao longo de 2015 João Sousa Cardoso, do Teatro Expandido, acabe por produzir algo neste bunker, dada a promessa de apresentar 11 trabalhos, sobre outros tantos autores do século XX, em sítios inesperados do edifício, antes da apresentação, em Dezembro, de uma encenação a partir de um texto de Almada Negreiros, já no palco principal.
Na apresentação destas residências anuais, João Sousa Cardoso abriu o livro da programação, que Tiago Guedes pretendia guardar para um próximo encontro com a imprensa, e os representantes dos restantes inquilinos acabaram por ceder à vontade de “dar um cheirinho” do que poderão fazer em 2015. Aliás, as estruturas foram escolhidas pelo director dos teatros pelo facto de este desejar trabalhar com elas no próximo ano e esta quarta-feira ficámos a saber que podemos vir a ter para o ano um Encontro Internacional de Circo no Porto, e que, habituado às ruas, o Radar 360 já anda a namorar as paredes exteriores do TCA. Para além de lhes ceder espaço, a autarquia vai apoiar estas estruturas co-produzindo alguns destes espectáculos.
No novo TCA cabem entidades com financiamentos quadrianuais da Direcção-Geral das Artes, como o TEP, a mais antiga companhia portuguesa, que perdeu apoio em Gaia por causa das dificuldades financeiras daquele município, mas voltou a ter no Porto um abrigo, que lhe permite levar a cabo o seu programa de 2015. Mas cabem também grupos que apenas acedem a apoios pontuais do Ministério da Cultura e outros que nada recebem. “Não olhamos para o pedigree destas estruturas, mas para a mais-valia que elas podem trazer em termos de criação e de programação”, assinalava, no final, Tiago Guedes. Antes, Paulo Cunha e Silva deixava no ar a esperança de que esta vida em comum sob um mesmo tecto originasse projectos partilhados, um desejo também expresso por muitos dos criadores presentes.
Eram rostos felizes, os dos representantes das oito estruturas que por um ano, pelo menos, vão habitar o edifício que, até ao ano passado, tinha como companhia residente a Seiva Trupe. O vereador da Cultura garantiu que a outra companhia histórica da cidade, afastada dali ainda por Rui Rio, só não está no TCA porque durante as conversas que manteve com os seus responsáveis, logo que chegou à câmara, estes não aceitaram ficar com menos gabinetes (distribuídos pelos novos inquilinos) e menos dias de ocupação do palco por ano.