Mais de 200 cães, gatos e ratazanas resgatados de uma vivenda em Palmela
Animais viviam em "péssimas" condições de higiene e saúde. Há suspeitas de negócio ilegal.
Os animais estavam alojados numa residência e no terreno anexo, no lugar de Pegarias, onde mora um casal que terá entre 40 e 50 anos, segundo Teresa Palaio, directora do Departamento de ambiente e gestão operacional do território da Câmara de Palmela. Os animais – quase 130 cães, entre adultos e cachorros, 34 gatos e mais de 65 ratazanas domésticas – andavam livremente pelo quintal e ocupavam todas as divisões da casa, que além de ter um cheiro nauseabundo estava "coberta de excrementos", descreve esta responsável.
Quando os técnicos da câmara chegaram ao local esta manhã, munidos de um mandato judicial e acompanhados pelos militares do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (Sepna) da GNR, encontraram um "cenário terrível", afirma Teresa Palaio. "Os animais estavam muito sujos, vários estavam doentes e maltratados, e alguns parecem ter patologias típicas dos animais que resultam de muitos cruzamentos entre pais, filhos e irmãos", acrescenta. Duas cadelas resgatadas estavam em trabalho parto. Nenhum dos cães é de raça perigosa.
A Câmara de Palmela já tinha sinalizado a situação há algum tempo, na sequência de denúncias feitas pelos vizinhos "há mais de um ano". "Havia um longo caminho legal e também logístico a percorrer até conseguirmos intervir", esclarece Teresa Palaio. Num comunicado publicado na página de Internet do município, lê-se que houve uma primeira visita dos serviços municipais a 15 de Dezembro para retirar os animais. No entanto, constatou-se que “o número existente era muito superior ao expectável – mais de uma centena de cães e gatos e ainda ratos”.
“Face à limitação de lugares do canil municipal, foram retirados oito cães e iniciadas todas as diligências e contactos que permitissem concluir a operação, em condições de salvaguarda da saúde e vida dos animais”, acrescenta a autarquia. O resgate foi concluído hoje, com a retirada de todos os animais da residência, conhecida na vizinhança como "casa dos horrores".
Segundo o tenente-coronel Jorge Goulão, do comando de Setúbal da GNR, a proprietária da casa alegou que apenas recolheu os animais que via na rua. No entanto, há suspeitas de que a mulher desenvolvia um negócio de venda ilegal de animais. O assunto foi abordado numa reunião pública da câmara no início de Janeiro e em Dezembro. Segundo o Jornal do Pinhal Novo, o problema arrasta-se há dois anos, com a dona da casa a anunciar a venda de animais em sites como o OLX e o Custo Justo, pedindo também fêmeas para reprodução. Teresa Palaio diz que alguns dos cães resgatados possuem chip, registado em nome de outras pessoas que não a proprietária da casa.
De acordo com aquele jornal local, a mulher já terá sido denunciada em 2009 por venda ilegal de animais, quando morava em Setúbal. Ter-se-á mudado para Palmela naquele ano, onde tem sido alvo de diversas denúncias por parte dos vizinhos, que falam de movimentações suspeitas, animais que chegam dentro de sacos a várias horas do dia.
Teresa Palaio adianta que a Câmara de Palmela irá instaurar uma contra-ordenação à proprietária da casa por atentado à salubridade e detenção ilegal de animais. A GNR também deverá investigar a origem dos cães e gatos. "Era importante que a própria sociedade civil apresentasse queixa se suspeita de comércio ilegal", apela a responsável municipal.
Quando saíram da "casa dos horrores", alguns animais já tinham famílias à espera para os adoptarem. "Outros vão para famílias de acolhimento ou ficam à guarda de associações de animais", diz Teresa Palaio, que acredita que todos serão adoptados. No local estiveram esta manhã associações como a Animal, SOS Animal, Sobreviver e o Grupo de Intervenção e Resgate Animal, que apoiaram a operação de resgate.