Lisboa chumbou no teste da carteira e passou a cidade "menos honesta do mundo"
A cidade mais honesta é Helsínquia, na Finlândia.
Least honest: Lisbon, Portugal. Esta é a nova chancela da capital portuguesa e foi atribuída pela Reader's Digest (RD). Este anti-Óscar de cidade "menos honesta do mundo" acaba de ser conquistado graças a um estudo realizado por aquela revista internacional, que tem edições nacionais em 49 países, Portugal incluído.
A Reader's Digest escolheu 16 cidades por todo o mundo e, em cada uma, os seus repórteres "perderam" 12 carteiras, deixando-as em "parques, centros comerciais, passeios". Cada exemplar continha "um número de telemóvel, uma foto de família, cupões, cartões-de-visita e o equivalente a 50 dólares [37 euros]. "Depois, esperámos para ver o que acontecia", resumem.
E o que aconteceu foi muito diferente de cidade para cidade. Se em Helsínquia 11 das 12 carteiras foram devolvidas – o que deu à capital finlandesa o 1.º lugar do top –, já por Portugal as coisas correram menos bem. Em Lisboa apenas uma voltou aos seus donos, tornando as contas fatalmente óbvias: o apodo de least honest vai mesmo para a capital portuguesa.
O cenário torna-se ainda menos abonatório para Portugal quando se descobre, como conta a RD, que as únicas cobaias "lisboetas" honestas, afinal, não eram nem lisboetas nem portuguesas. A única carteira alfacinha recuperada pela revista foi devolvida por "um casal dos seus 60 anos": "Avistaram a carteira e telefonaram-nos imediatamente", resumem. E, logo a seguir, sublinham que, "interessantemente", os repórteres descobriram que "os dois nem eram de Lisboa", "eram turistas vindos da Holanda".
Resumindo e concluindo: "As restantes 11 carteiras, com o dinheiro e tudo o resto, foram levadas".
Outras conclusões do "teste da carteira perdida" podem também surpreender muitos estereótipos quando se observa como ficou alinhado o top das Most Honest Cities: logo a seguir à "honesta" Helsínquia, encontram-se a indiana Bombaim, onde foram devolvidas nove carteiras, ou Budapeste (oito).
Já para o final da tabela e muito perto do singular resultado lisboeta, encontram-se a romena Bucareste, o Rio de Janeiro ou Zurique (quatro carteiras devolvidas em cada uma); Praga (três) e, numa quase sincronia ibérica, Madrid, onde foram recuperadas duas carteiras.
Ainda assim, as conclusões globais da RD em relação ao estudo são positivas. Com resultados quase 50/50 ou, melhor dizendo, 47/53 (das 192 carteiras perdidas, foram recuperadas 90), Catherine Haughney, editora da publicação, considerou "verdadeiramente inspirador ver que há tanta gente honesta no mundo."
Quanto a questões como idade, sexo ou poder económico, estas parecem não ser decisivas na hora de optar pela honestidade ou pela desonestidade: "Ao analisarmos os nossos resultados, concluímos que a idade não é um factor de previsibilidade", "tanto velhos como novos conservaram ou devolveram as carteiras"; "homens e mulheres foram imprevisíveis" e "o poder económico relativo pareceu não ser garantia de honestidade".
"Em todo o lado, há pessoas honestas e desonestas", concluem.
Top das Cidades Mais Honestas
1. Helsínquia, Finlândia (11 em 12)
2. Bombaim, Índia (9 em 12)
3. Budapeste, Hungria (8 em 12)
Nova Iorque, EUA (8 em 12)
4. Moscovo, Rússia (7 em 12)
Amesterdão, Holanda (7 em 12)
5. Berlim, Alemanha (6 em 12)
Ljubljana, Eslovénia (6 em 12)
6. Londres, Reino Unido (5 em 12)
Varsóvia, Polónia (5 em 12)
7. Bucareste, Roménia (4 em 12)
Rio de Janeiro, Brasil (4 em 12)
Zurique, Suíça (4 em 12)
8. Praga, República Checa (3 em 12)
9. Madrid, Espanha (2 em 12)
10. Lisboa, Portugal (1 em 12)