Há dois touros à solta em Viana e "um deles marra"
Proprietário dos animais em fuga teme pela segurança pública, porque pelo menos um dos bichos é agressivo. Já alertou a GNR e está a distribuir avisos.
Esta terça-feira, logo pela manhã, o proprietário dos bois reiniciou as buscas, mas perdeu-lhes o rasto. Manuel Farinhoto decidiu, então, lançar um alerta à população, por temer que os animais possam magoar alguém, já que um deles, enfatiza, é muito perigoso.
Criador de gado há mais de 40 anos, Manuel Farinhoto ainda não acredita no que lhe está a acontecer. Já avisou a GNR e colocou de sobreaviso toda a vizinhança, mas diz que não descansará enquanto não “deitar a mão” aos animais.
Os touros, com menos de dois anos de idade, foram vendidos a um talho da cidade. Ontem, quando eram conduzidos ao camião que os levaria para abate, conseguiram fugir do destino. O mais violento soltou-se das cordas que o prendiam e puxavam para o interior do veículo e irrompeu campo fora, sem parar. O outro, que já se encontrava dentro do camião, no meio da confusão acabou por fugir também. “É a primeira vez que isto me acontece, e sou criador desde os 15 anos. Às vezes fugiam, mas apanhavam-se dentro da quinta. Estes não deram hipótese”, desabafa Manuel Farinhoto.
O agricultor de 66 anos adianta que esta era a segunda tentativa para colocar o touro mais bravo “dentro do camião”. Há oito dias, quando o mesmo talhante se deslocou à quinta, situada em Perre, para levar outros animais que tinha comprado, acabou por desistir de transportar os dois bichos em fuga por causa da agressividade deles. “Um marra com tudo. A força é tal que não há corda que resista”, avisa Manuel Farinhoto. “Não os tentam encurralar. Dêem logo o alerta, porque não sei o que podem fazer. Tenho medo que matem alguém ou causem danos materiais."
Manuel Farinhoto garantiu que as buscas vão continuar até que os animais sejam encontrados. Além do prejuízo que representará a anulação da venda dos animais ao talhante, o criador de gado está sobretudo preocupado com os estragos que possam causar e que terá que assumir, até porque os animais estão registados em seu nome. A situação está a ser acompanhada de perto pelo Sepna-Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR de Viana do Castelo que vai contactar, igualmente, a veterinária municipal para tentar encontrar a melhor solução para capturar os animais.
Ironicamente, este episódio acontece numa altura em que está prestes a arrancar a consulta pública do regulamento municipal de protecção de animais aprovado o mês passado pela maioria socialista na autarquia como forma de prevenir novas touradas na cidade que se declarou anti-touradas em 2009.
Depois da polémica tourada promovida pela Prótoiro, no Verão do ano passado, a maioria PS na Câmara de Viana do Castelo quer prevenir nova investida daquela Federação Portuguesa de Associações Taurinas. Quando o regulamento municipal de protecção de animais entrar em vigor, alega a câmara, actividades como comércio, guarda, criação e espectáculos com animais vão passar a necessitar de autorização municipal. Segundo a autarquia, o documento representa uma transposição, na forma de regulamento municipal, da legislação sobre “a protecção dos animais contra a acção do homem”, a qual “define a competência das câmaras municipais para autorização de diversas actividades que envolvem animais”.
O regulamento, composto por seis artigos, define que a utilização de animais “em quaisquer espectáculos ou eventos congéneres” deverá respeitar a legislação sobre a defesa e bem-estar dos animais, sendo “proibidos os espectáculos em que se inflijam sofrimento ou lesões aos animais”.
Em Agosto de 2012, quando o município não conseguiu impedir a realização da corrida de touros, após decisão do tribunal, o presidente socialista, José Maria Costa, prometeu “tomar todas as medidas necessárias para evitar mais touradas em Viana”, face à promessa de regresso, em 2013, que a Prótoiro vem reiterando.