Fiadeiro de Contos quer recuperar tradição dos serões da aldeia em Montalegre
De 7 a 9 de Agosto, contadores de histórias de vários pontos do país estarão em Pitões das Júnias.
Carla Moreira, da organização do evento, disse nesta segunda-feira à agência Lusa que, ao longo dos três dias, se vão juntar os contadores profissionais às gentes da aldeia que queiram também partilhar as suas histórias.
O objectivo do evento é ainda, segundo afirmou, “dinamizar a economia local”, quer o alojamento quer a restauração, atraindo mais visitantes a esta localidade do concelho de Montalegre, distrito de Vila Real.
A responsável explicou que o Fiadeiro de Contos, que vai na sua segunda edição, surgiu da vontade dos habitantes de Pitões das Júnias recuperarem hábitos de convívio entre as pessoas da aldeia.
“O evento propõe-se ir ao encontro deste desejo, recordando e reavivando as noites de serão, onde se juntavam famílias e vizinhos, e onde o hábito de contar histórias era tido como actividade lúdica e ao mesmo tempo de educação”, salientou.
Era uma altura em que não havia televisões, computadores ou internet e as pessoas juntavam-se para conviver, mas este hábito foi-se perdendo ao longo dos anos.
O Fiadeiro é também uma forma, de acordo com Carla Moreira, de preservar o património imaterial.
“Mas para além de promover o convívio, quer-se também apostar na criação como um pretexto para a abertura da aldeia aos visitantes, incrementando a economia local através da procura de alojamento e alimentação”, frisou.
O encontro conta com a participação de contadores de histórias de vários pontos do país, como Carlos Marques, António Fontinha, Ana Sofia Paiva, Estefânea Surreira e o padre António Fontes, conhecido pela organização do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes. Em Pitões das Júnias vai ainda marcar presença o contador galego Cándido Pazó.
A animação musical ficará a cargo dos Gaiteiros de Pitões, Pé de Cabra e o grupo galego, Habelas Hainas.
Tradicionalmente, as histórias, na forma de fábulas, mitos ou baseadas em acontecimentos reais, eram passadas de geração em geração.
Num tempo em que não se ouvia rádio, nem havia televisão, contar e ouvir histórias era um dos passatempos principais, transmitindo-se, desta forma a herança da identidade de uma comunidade e região.
Em Portugal, foi nos anos noventa que surgiram os contadores profissionais, tendo vindo quase todos da prática teatral. O ex-actor José Fontinha foi o primeiro contador que ganhou reputação no nosso país.
Carla Moreira referiu que há uns anos que se começou a recuperar um pouco esta tradição em Portugal e, ao longo do país, começa a haver encontros e festivais de contadores de histórias.
O Fiadeiro conta com o apoio da Câmara de Montalegre, Ecomuseu do Barroso, Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN) e Embaixada de Espanha, Turismo do Porto e Norte, Teatro Nacional de São João e Crédito Agrícola.