O eucalipto estava doente, infectado com fungos. Perante a sentença de morte, a Parques de Sintra-Monte da Lua, que gere a Quintinha e o Parque e Palácio de Monserrate, decidiu dar-lhe outra oportunidade. “Em vez de abater, cortámos grande parte da árvore e deixámos 7,5 metros de tronco para fazer uma homenagem à natureza”, diz Maria Inês Moreira, bióloga e coordenadora do projecto Bio+Sintra.

A segunda vida deste eucalipto tem a forma de um totem – uma grande escultura como as que tribos indígenas esculpiam para homenagear e adorar os seus ancestrais ou divindades. A obra de arte foi realizada pela artista galesa Nansi Hemming, que talhou cada pormenor com a sua motosserra, durante dez dias.

São, ao todo, 17 animais e plantas esculpidas ao longo do tronco, cujas raízes se mantêm presas à terra. É o único do género em Portugal, segundo a Parques de Sintra. Alguns animais representados estão ameaçados de extinção e encontram-se na serra de Sintra – como a águia-de-bonelli, esculpida no topo do tronco, o escaravelho vaca-loura, o maior da Europa, ou mesmo a víbora, ameaçada de extinção em Portugal.

“Estão também representados valores naturais da flora, como o azevinho, espécie legalmente protegida a nível nacional, ou o carvalho, que faz parte da floresta de Sintra e também interessa preservar”, diz Maria Inês Moreira.

“Queremos que as pessoas olhem e se questionem um bocadinho sobre aqueles valores naturais”, acrescenta. Além de preservar parte do eucalipto centenário, o objectivo desta iniciativa é sensibilizar os visitantes da quinta pedagógica – muitos deles crianças – para a biodiversidade da serra de Sintra e para a importância da sua valorização.

A Quintinha Pedagógica de Monserrate estende-se ao longo de dois hectares no Parque de Monserrate e recria uma pequena exploração agrícola da região saloia, com áreas destinadas a plantações e à criação de animais.