Estudo: Lisboa é uma das capitais analisadas com maior concentração de benzeno
O projecto People (Population Exposure to Air Pollutants in Europe), promovido pelo Joint Research Center da Comissão Europeia, procurou averiguar os níveis de poluentes presentes no ar exterior e interior de seis cidades, bem como o grau de exposição individual dos habitantes aos mesmos.
O primeiro poluente a ser medido foi o benzeno, um agente cancerígeno associado ao tráfego automóvel e ao fumo de cigarros, pelo que a primeira fase do projecto se concentrou nas duas fontes de poluição mais visíveis: os transportes e os hábitos tabágicos.
As medições foram realizadas em seis cidades europeias (Lisboa, Bruxelas, Ljubliana, Madrid, Dublin e Bucareste), entre 2002 e 2004, com recurso à colocação de medidores em instituições públicas, ruas, autocarros e metropolitano e a participação de 200 voluntários em cada cidade, que transportaram um amostrador de benzeno durante 12 horas.
Em Portugal a medição foi feita no dia 22 de Outubro de 2002, tendo sido seleccionados 115 voluntários, dos quais 16 eram pessoas que se deslocam a pé ou de bicicleta, 27 não fumadores que utilizam o automóvel, 25 fumadores e 22 com hábitos sedentários.
Os resultados do projecto foram apresentados no âmbito da conferência Communicating European Research 2005, que decorre hoje e amanhã em Bruxelas, e revelam que Bucareste foi a cidade que registou os maiores níveis de poluição do ar no dia da medição (18 microgramas por metro cúbico nas zonas de tráfego mais intenso), seguindo-se Madrid, com 14 microgramas por metro cúbico, medido em áreas semelhantes.
A capital portuguesa surge em terceiro lugar, tendo registado uma concentração de oito microgramas por metro cúbico em locais de tráfego automóvel intenso, enquanto a média de toda a cidade era de quatro microgramas por metro cúbico.
Pascual Peres Ballesta, um dos coordenadores do estudo, afirmou à Lusa, após a apresentação do trabalho, que os níveis medidos têm de ter em conta as condições meteorológicas, e que em Lisboa, nesse dia, o vento facilitava a dispersão dos poluentes pelo ar.
Analisando comparativamente os dados de exposição a benzeno recolhidos nas seis cidades, Lisboa é a segunda cidade com maior exposição a este poluente em locais de trabalho como escritórios (depois de Madrid) e a terceira na exposição em escolas (atrás de Madrid e Dublin).
O estudo concluiu ainda que o grau médio da exposição individual ao benzeno é superior ao nível médio deste poluente na cidade, uma vez que, ao longo do seu percurso diário, as pessoas atravessam frequentemente áreas em que a concentração deste agente é muito mais elevada do que em outras.
Os estilos de vida, como os hábitos tabágicos, foram também considerados determinantes no nível de exposição de cada indivíduo a valores mais ou menos elevados de benzeno.