Emprego voltou a aumentar no Norte, após cinco anos em queda
Taxa de desemprego recuou, mas aumentou a percentagem dos que estão sem trabalho há mais de um e dois anos.
Os dados são esmiuçados à lupa no relatório trimestral Norte Conjuntura, publicado esta semana pela Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDRN). Com base em estatísticas de vários organismos, a CCDRN percebeu que as grandes responsáveis por este aumento do emprego na região foram as empresas do sector transformador, que criaram 21 mil dos 22 mil novos empregos, com os quais alimentaram o seu fluxo de exportações. Estas, como no país, estão a crescer a um ritmo inferior ao dos trimestres anteriores, mas tiveram um desempenho melhor do que do país no seu todo, onde o abrandamento verificado foi superior.
A região ganhou mais trabalhadores por conta de outrem (+3,7%, em termos homólogos) e empregadores (+5,3%), mas perdeu trabalhadores isolados por conta própria (-7,8%). Por níveis de escolaridade, o maior aumento do emprego continuou a observar-se entre os trabalhadores com habilitação ao nível do ensino secundário (+23,3% face ao trimestre homólogo), enquanto o número de indivíduos empregados com escolaridade igual ou inferior ao ensino básico se manteve em queda (-6,3%). O relatório destaca ainda o facto de o emprego regional ter voltado a crescer entre os licenciados (+6,3%), depois de três trimestres em queda.
No 1.º trimestre de 2014, a taxa de desemprego na Região Norte recuou para 15,8%, valor que compara com 16,4% no trimestre anterior e com 18,5% no trimestre homólogo do ano passado. Em todo o caso, e como tem acontecido nos últimos anos, o nível de desemprego regional continuou a ser superior à média nacional, que foi de 15,1% no 1.º trimestre deste ano e, dado importante também, entre os 291 mil indivíduos sem emprego apontados pelo INE, é cada vez maior o peso dos que não encontram trabalho há um ano ou mais.
“O desemprego de longa duração atinge agora uma expressão nunca antes observada na Região do Norte. No 1.º trimestre de 2014, 68,2% dos desempregados desta região estavam há mais de um ano em situação de desemprego (valor que compara com 65,5% no trimestre anterior e com 60,8% no trimestre homólogo do ano passado). Desde há um ano, verifica-se também que aqueles indivíduos que estão desempregados há pelo menos dois anos representam mais de dois quintos do total de desempregados da Região Norte (42,8% no 1.º trimestre de 2014)”, lê-se no relatório.
O Norte continua a ser também uma das regiões mais assoladas pelo desemprego juvenil. A taxa de desemprego de jovens (dos 15 aos 24 anos) voltou a subir, chegando aos 36,6% no 1º trimestre de 2014 (resultado que compara com 35,7% no trimestre anterior e com 39,7% há um ano).
Outra leitura que resulta da análise dos dados do INE é que a população desempregada residente na Região Norte teve uma quebra de 54 mil pessoas, número muito superior ao aumento observado do lado do emprego (+22 mil empregados). Segundo a CCDRN isto acontece “num contexto em que também a estimativa de população residente na Região Norte com idade entre os 15 e os 64 anos de idade se apresenta em queda (-24 mil residentes, face ao trimestre homólogo do ano passado)”.
Olhando de novo para os sinais positivos, percebe-se, pela distribuição geográfica das melhores taxas de quebra de desemprego registado (dados do Instituto de Emprego), o peso da indústria transformadora, e do vestuário (responsáveis por dois quintos do aumento das exportações), para a tendência. Por local de residência, o município que, na média do 1.º trimestre de 2014, mais contribuiu para a descida do desemprego registado na Região Norte face ao trimestre homólogo do ano passado, foi Guimarães, com menos 1971 desempregados inscritos (variação homóloga de -13,9%). Seguem-se-lhe os municípios de Santo Tirso (com -1131 desempregados, representado -15,1%) e de Vila Nova de Famalicão (-1027 desempregados, ou -9,4%).
Pelo contrário, o Porto, (+1904 desempregados inscritos do que há um ano, representando +9,3%) e da Maia (com +726 desempregados) foram os concelhos com piores contributos para o desemprego registado na Região do Norte.