Dezenas de cravos plantados em protesto contra estátua do cónego Melo em Braga
Os cravos foram plantados no local onde a referida estátua será erguida, no centro da cidade, segundo aprovou o executivo socialista da Câmara Municipal de Braga liderado por Mesquita Machado, com a abstenção do PSD e CDS.
Em declarações durante esta "acção de luta", organizada pelo PCP, um dos históricos do partido na cidade, António Lopes, afirmou que esta homenagem é uma "provocação" e que deve ser "fortemente repudiada" pelos "defensores" da liberdade.
"O cónego desenvolveu um dos mais destacados papeis como autor e mandante na conspiração ao serviço da extrema-direita, ao serviço da contra revolução, que da forma mais hipócrita e mentirosa, justificou como sendo ao serviço da religião e da Igreja Católica", acusou o António Lopes.
Para o comunista "esta pretensa homenagem só pode ser olhada pelos trabalhadores, reformados, pensionistas, funcionários públicos, por todos que sofrem na própria carne as consequências brutais desta política de direita e por todos os que têm lutado como uma provocação".
Por isso, realçou António Lopes, "esta estátua deve ser fortemente repudiada" que lançou ainda o "apelo" à Câmara de Braga para que "arrepie caminho nesta decisão e que deixe estar a estátua onde está, armazenada".
A estátua ao religioso foi mandada construir por um "grupo de amigos" do cónego, ainda este era vivo, e encontra-se desde então "guardada à espera de ser colocada num ponto nobre da cidade".
Nesse sentido, o referido grupo pediu à autarquia autorização para proceder à instalação da estátua, pedido concedido pelo executivo, que realçou que "o município não terá qualquer gasto com este gesto".
No entanto, segundo afirmou hoje o PCP, "esta não é uma homenagem que reúna consensos nem na Igreja nem do PS, partido que viabilizou a colocação da estátua".
Alias, explicou o líder do PCP na Assembleia Municipal de Braga, Carlos Almeida, "vai ser apresentada na próxima reunião uma moção de repúdio a esta pretensa homenagem" com o objectivo de "inverter a decisão do executivo".
Os comunistas deixaram ainda uma mensagem a Mesquita Machado, que invocou o facto do cónego Melo ser um "bracarense dos sete costados" como justificação para a decisão do executivo que lidera.
"Mesquita Machado que decida colocar a estátua no jardim da própria casa e não no largo que de todos nós é pretença e onde não a queremos ver", sugeriu António Lopes.