Confrontos em concerto de Anselmo Ralph em Cascais fazem pelo menos três feridos

Estava convocado um meet para o local. Presidente da Câmara diz que se tratou de "uma rixa entre dois indivíduos", uma "situação pontual".

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Miguel Manso
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Há pelo menos três feridos, dois dos quais foram transportados de ambulância para o hospital de Cascais. Um permanecia internado até às 11h desta segunda-feira, com um ferimento que terá resultado de agressão com arma branca.

Os distúrbios começaram pelas 23h30, estava o espectáculo quase a terminar, bem em frente ao palco montado na zona da baía de Cascais, junto à Praia dos Pescadores. De sobreaviso estavam dezenas de polícias. Foi o próprio cantor que, perante o que se estava a passar, interrompeu o concerto e chamou as autoridades. “Vi um tumulto de jovens, ali no meio da confusão, a brigar. E havia muitas crianças ali no meio”, descreveu mais tarde aos jornalistas, justificando a sua atitude. Ciente do que podia vir a suceder, já tinha iniciado o espectáculo pedindo paz à assistência. Mas de nada valeu.

Depois dos primeiros confrontos, dos quais resultaram os três feridos, registaram-se ainda várias escaramuças entre polícias e jovens, alguns dos quais acabaram por ser detidos, depois de perseguições policiais por entre a multidão, que depois de terminar o concerto se tinha dispersado mas continuava quer junto ao palco quer no areal da praia.

Terão sido detidas três pessoas e identificadas várias outras. Segundo um amigo de um dos jovens levados para a esquadra de Cascais, que pediu para não ser identificado, os agentes da PSP não conseguiram apanhar os verdadeiros responsáveis pelos distúrbios – razão pela qual detiveram quem conseguiram agarrar – “curiosamente, quatro pessoas de raça negra e um caucasiano”. Dentro da esquadra "foram espancados", assegurava. "Os polícias dizem que foram ofendidos verbalmente. Não sei se é verdade", referia, enquanto esperava por um advogado que vinha dar assistência ao amigo, jogador de futebol. Foram muitas as críticas à actuação policial por parte da assistência. "A gente somos do ghetto", observava uma estudante de Hotelaria do Vale da Amoreira. "E os bófias gostam muito de atrofiar connosco. Têm de aprender que somos como uma família. Se batem num de nós..."

Apesar dos insistentes pedidos de informação, nenhum oficial da PSP nem qualquer outro agente presentes no local prestaram esclarecimentos à comunicação social sobre o sucedido na noite de domingo. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP remeteu todos os esclarecimentos para um comunicado que será emitido até ao final da manhã desta segunda-feira.

Entre os polícias ouviam-se, porém, comentários sobre a falta de condições do local para acolher um evento com tanta gente. Segundo o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, assistiram ao concerto entre 50 e 55 mil pessoas.

A multidão compacta que se juntou não deixava sequer os hóspedes do Hotel Baía entrarem no edifício. Cerca de duas dezenas de pessoas que entraram pelas traseiras e se escapuliram para o último andar para verem melhor o concerto tiveram de ser dali retiradas pelas autoridades.

Anselmo Ralph ainda retomou o espectáculo depois dos distúrbios, mas deu-o por terminado logo a seguir. “Nós não podemos festejar quando há gente ferida. Vão em segurança e vão em grupo”, disse, numa alusão à insegurança que se fazia sentir.

Agentes da Unidade Especial de Polícia criaram então um cordão humano à volta da multidão, permitindo depois que algumas centenas de espectadores se deslocassem da zona do palco para a praia, ali mesmo ao lado.

O fogo-de-artifício que estava previsto para dar as Festas de Cascais por encerradas acabou por ser lançado nessa altura, eram 0h30, quando parte das pessoas que assistiam ao concerto desceu ao areal e ficou por ali a conversar.

Para o local e para a hora do concerto estava marcado um meet, o mesmo tipo de encontro de jovens convocado pela Internet que esteve na origem dos incidentes registados esta semana no centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa. Mas o presidente do município, que falou à comunicação social à 1h20, tentou minimizar o sucedido, negando que se tivesse tratado de um "encontro marcado" e resumindo tudo a "uma rixa entre dois indivíduos", uma "situação pontual" que foi "muito empolada" e da qual teriam resultado "dois feridos".

Carlos Carreiras elogiou o sangue-frio e o profissionalismo de Anselmo Ralph ao interromper o concerto para chamar a polícia. “Não são dois indivíduos que vão estragar as Festas do Mar”, declarou o autarca. Num comunicado, a Câmara Municipal refere que situação deste domingo "não tem rigorosamente nenhuma ligação com os cenários veiculados ao longo das últimas horas [antes do espectáculo] e dificilmente seria notícia não fosse a atenção criada em torno deste concerto". 

"Há muito tempo que a Câmara organiza com sucesso e segurança as Festas do Mar, recebendo cerca de meio milhão de visitantes por ano", acrescenta o comunicado.

O cantor Anselmo Ralph admitiu que foi a primeira vez que lhe aconteceu algo do género em Portugal.

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