Companhia O Teatrão fica sem apoios e reúne com Barreto Xavier

Sem o apoio da DG Artes em 2015, a companhia é forçada a despedir, reduzir custos e cancelar parte da programação.

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Sérgio Azenha

Ao PÚBLICO, a directora da companhia O Teatrão, Isabel Craveiro, referiu que, da reunião da passada quarta-feira com o município, saiu uma estratégia concertada. A directora disse ainda que a Câmara Municipal de Coimbra tomará uma posição pública assim que saiam oficialmente os resultados dos apoios tripartidos. “Esperamos que haja o mínimo de abertura do secretário de estado para perceber o que se vai fazer”, antecipa.

Sobre o entendimento com autarquia, Isabel Craveiro referiu ainda que “há uma abertura por parte da câmara para resolver o problema” e que o município “antecipou o pagamento de uma tranche do subsídio”. Apesar disso, essa quantia “não chega” para manter a actividade da companhia que gere a Oficina Municipal do Teatro, um equipamento da autarquia.

A não atribuição de apoios por parte da DG Artes leva ao cancelamento de uma “fatia considerável da programação”, ao despedimento de dois actores (que também participam no projecto educativo da estrutura), à redução de horário de mais dois trabalhadores e ao não prolongamento de um estágio.

No total, das 15 pessoas que integram a companhia sedeada em Coimbra, são cinco as pessoas afectadas pela falta de apoio da DG Artes, anunciou na terça-feira em conferência de imprensa a diretora. “Não havendo capacidade de liquidez, não é possível manter os vínculos”, esclarece.

Candidato ao apoio indirecto às artes em modelo de acordo tripartido para o biénio 2015-2016 no valor de 125 mil euros e ao apoio directo bienal em 185 mil euros, O Teatrão viu ambas as propostas rejeitadas pelo organismo que tutela os apoios. Em 2013, O Teatrão recebeu 145 mil euros da DG Artes e 127 mil em 2014. Actualmente, a companhia conta com um apoio de 60 mil euros por parte da Câmara Municipal de Coimbra e de 25 mil euros da Fundação Calouste Gulbenkian.

Isabel Craveiro explica que o apoio não foi concedido num caso porque perderam o concurso, noutro devido a questões burocráticas. Segundo a directora, desde 2000 que O Teatrão não ficava sem apoio por parte do Estado central.

Juntando à dispensa de trabalhadores, toda a programação externa do segundo semestre foi cancelada. Exceptuando duas produções cujo investimento já foi feito e permutas com outras companhias de teatro, a restante programação sai afectada. A presente conjuntura obriga ainda à mexida das datas de estreia das produções. A directora de O Teatrão refere também "ordenados e pagamentos a fornecedores em atraso", apesar de não querer “dramatizar”. “A nossa situação deve ser a mesma que muitos agentes culturais”, lamenta.

Quanto a alternativas, Isabel Craveiro revela que O Teatrão apresentou uma candidatura aos apoios pontuais da DG Artes, embora esse modelo se destine a projectos específicos e não a estruturas físicas. Na equação entra ainda a discussão com o município que, “assim que soube destes resultados, prontificou-se a discutir” uma solução, disse a responsável. A companhia está à espera dos resultados de uma candidatura ao programa Erasmus + e não descarta “candidaturas a outras fontes”, como é o caso do novo quadro comunitário, Portugal 2020.

Isabel Craveiro lamenta o momento “aflitivo e triste” que O Teatrão atravessa e entende que a ausência de apoio por parte da DG Artes “significa um retrocesso muito grande no reconhecimento do valor do projecto”. Apesar de este apoio corresponder a menos de 50% do orçamento, ele “é fundamental para ser canalizado para a manutenção da estrutura”.

O PÚBLICO tentou questionar a secretaria de estado da Cultura, mas não obteve resposta.

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