Coimbra tenta evitar que estudantes atirem carrinhos de compras ao Mondego

Campanha iniciada no ano passado quer acabar com prática comum durante o cortejo da Festa das Latas.

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Carrinhos à água: uma prática comum no cortejo da Latada António Fonseca
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Em Novembro de 2013, um grupo de cidadãos pôs mãos à obra para limpar o rio António Fonseca
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Resultado: 64 carrinhos retirados da água e mais 160 nas margens António Fonseca
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Este ano, uma série de medidas estão planeadas para evitar a prática António Fonseca

Há já alguns anos que furtar carrinhos aos hipermercados nos dias que antecedem a Latada é uma prática consentida entre os estudantes. No cortejo, servem para levar bebidas, trajes ou os próprios caloiros. Terminada a festa, muitos carrinhos são olimpicamente atirados ao Mondego, que na sua qualidade de mero rio, sem poderes divinos, naturalmente não os consegue fazer desaparecer.

Em Novembro do ano passado, depois das festas, o problema chamou a atenção de Fernando Jorge Paiva, praticante semiprofissional de windsurf. Num dia em que as águas do Mondego estavam particularmente claras, Fernando Paiva viu dezenas de carrinhos de compras submersos nas partes mais rasas do rio.

Resolveu agir, juntou amigos e retirou 64 carrinhos da água e mais 150 das margens. No total, eram 214, representando mais de três toneladas de plástico e metal. “Demorámos três dias a limpar o rio”, afirma o desportista.

Este ano, Fernando Paiva está a fazer tudo para evitar o mal antes que aconteça. Por sua própria iniciativa, convocou estudantes, os hipermercados e a câmara municipal para discutir soluções. A primeira iniciativa parece ter resultado. Depois da Queima das Fitas, em Maio, apenas três carrinhos de supermercado foram resgatados do rio.

Mas é no cortejo da Latada, que este ano se realiza no dia 19 de Outubro, que a moda dos carrinhos está mais disseminada. E uma coisa é certa: cerca de 400 já terão sido furtados aos supermercados e estarão na mão dos alunos.

No final de Setembro, Fernando Paiva promoveu uma “reunião de cidadania” com todos os envolvidos e o resultado são algumas medidas para ao menos minimizar o problema e evitar que a vítima seja o Mondego.

Uma solução encontrada foi a criação, assegurada pela Câmara Municipal de Coimbra, de seis parques onde os carrinhos poderão ser deixados no final do cortejo. Também vão ser distribuídos folhetos a chamar a atenção dos estudantes para os parques, com o mote “Não lixes o Mondego”. O centro comercial Dolce Vita, onde há um hipermercado Jumbo, ajudou na concepção e impressão dos folhetos.

“Vamos ver se isto resulta”, afirma Fernando Paiva. “Aquilo é uma moda, não é uma tradição académica”, acrescenta.

“Não queremos criar guerras, mas apenas fazer entender que isto não tem cabimento nenhum. Andamos com naves espaciais a procurar água noutros planetas, e quando olhamos para a nossa atiramos para lá com lixo”, diz ainda Paiva.

O presidente da Associação Académica de Coimbra, Bruno Matias, concorda e diz que a tradição está nos caloiros vestirem trajes com mensagens satíricas ou críticas em relação à sociedade ou à própria universidade.

Roubar carrinhos não faz parte da festa. “Não estamos de acordo”, afirma Bruno Matias. Acrescenta, porém: “É complicado conseguir que isto não aconteça de uma hora para outra.”

“Queremos ter um cortejo cada vez mais limpo e com melhor imagem”, completa Matias. O teste será no domingo.

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