Câmara de Sintra quer reunião urgente com ministro da Saúde
Autarquia está preocupada com a falta de resposta do Governo sobre a construção de mais cinco centros de saúde no concelho e o eventual encerramento de duas unidades. A reclassificação do hospital Amadora-Sintra também levanta dúvidas no executivo.
“Temos cinco centros de saúde em situação de quase indignidade para quem os utiliza”, afirmou o presidente da câmara, Basílio Horta (PS), em declarações ao PÚBLICO após a reunião privada do executivo desta terça-feira de manhã.
Segundo o autarca, o encontro com o ministro Paulo Macedo servirá para discutir a falta de resposta do Governo à disponibilidade manifestada pela câmara para construir cinco novos centros de saúde. “A Câmara de Sintra cede as instalações e paga 30% das obras. Estamos disponíveis e temos dinheiro para fazer o protocolo, até já foram visitados alguns locais, só que não há decisão do ministério da Saúde”, lamentou Basílio Horta.
O município está disposto a apoiar a construção dos centros de saúde de Sintra, Algueirão-Mem Martins, Agualva, Queluz e Almargem do Bispo. “Não sabemos o valor global das obras mas temos o dinheiro, podemos investir a nossa parte, o que for necessário”, garantiu, acrescentando que a câmara tem orçamentado 2,2 milhões de euros para solidariedade social. “Temos é que ter uma decisão do ministério”, ressalvou.
A autarquia está contra o eventual encerramento das extensões de saúde de Sabugo e Dona Maria, que a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo “não confirma nem desmente”, afirmou o autarca. “Temos 410 mil utentes no concelho, precisamos de um olhar mais cauteloso para as nossas necessidades”, declarou, lembrando que o município vai disponibilizar três funcionários para evitar o encerramento da unidade de saúde de São João das Lampas durante o Verão, devido à falta de pessoal administrativo.
“Se isso [o encerramento] acontece vamos ter aqui um problema social e a câmara ficará solidária com a população”, sublinhou. O PÚBLICO questionou a ARS mas ainda aguarda uma resposta.
Segundo Basílio Horta, a reunião com o ministro servirá também para avaliar o impacto que a portaria nº 82/2014, publicada em Abril, tem no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra). Esta portaria classifica o hospital no grupo I, que deixa de prestar cuidados de genética médica, farmacologia clínica, cardiologia pediátrica, cirurgia vascular, neurocirurgia, cirurgia plástica, reconstrutiva e estética, cirurgia cardiotorácica, cirurgia maxilofacial, cirurgia pediátrica e neurorradiologia.
"Queremos saber o que se passa", explicou o presidente da câmara. "Não temos um hospital em Sintra. Eu acho que devíamos ter um hospital mas percebo as dificuldades do momento, mas não tirem valências ao hospital que nos serve para depois concentrar tudo em Cascais", declarou.
A decisão de pedir uma reunião com Paulo Macedo foi aprovada por unanimidade na reunião desta terça-feira. Do lado da oposição, os vereadores do movimento independente Sintrenses com Marco Almeida (SMA) sublinharam a preocupação com o "anunciado encerramento dos serviços de obstetrícia" no hospital Amadora-Sintra. "Para um município que apresenta o saldo natural mais alto, ou seja um saldo demográfico positivo, já que nele ainda se nasce mais do que se morre - com os nascimentos em 2013 a superar em mais de 1000 os óbitos -, esta notícia só pode suscitar surpresa e incredulidade", escreve o movimento numa nota enviada às redacções.
A vereadora Paula Borges, da CDU, defendeu que a câmara deve exigir ao ministério a "imediata criação de um calendário de investimentos" em Sintra. "Sabemos que os equipamentos de prestação de cuidados de saúde primários existentes no concelho, além de serem em número insuficiente, apresentam também características físicas muito débeis, são na sua maioria prédios de habitação de difícil acesso aos idosos e a pessoas de mobilidade reduzida, apresentando, nalgumas situações dimensões reduzidas para a realidade em que se inserem", lê-se num comunicado do partido.
A CDU defende a construção de um hospital público no concelho, uma exigência com mais de 20 anos, mas avisa que a remodelação da rede "terá que passar pela construção de novas unidades médicas em freguesias com carências e pela remodelação dos equipamentos existentes".
Segundo a Lusa, o vereador Luís Patrício (PSD) confirmou ver "com preocupação os problemas da saúde no concelho, porque prejudica os munícipes", embora confiando que "ainda se vá a tempo de corrigir as situações" mais urgentes.