Câmara de Sintra quer Museu das Notícias na antiga casa dos brinquedos

O espaço, que até Agosto acolheu o Museu do Brinquedo, vai apresentar a história da evolução dos media e das disciplinas do jornalismo, segundo a proposta municipal.

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Basílio Horta: Não perguntarei a ninguém de onde vem, só para onde quer ir.” Nuno Ferreira Santos

"O museu, que vai ser de experiências, tem algumas características que podem interessar a visitantes e a turistas e, portanto, definimos como objectivo a instalação numa centralidade turística", explicou Luís Paixão Martins, promotor do News Museum.

O presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta (PS), vai propor ao executivo municipal a cedência, por 20 anos, do edifício do antigo Museu do Brinquedo para instalar o novo Museu das Notícias, dos Media e da Comunicação. "É um museu extremamente interessante e, nesta altura do 25 de Abril, é uma homenagem que o concelho presta à liberdade de imprensa, aos jornais, às televisões e tudo o que nos põe em contacto com o mundo", salientou, em declarações à Lusa, o presidente da autarquia.

Segundo a proposta, a autarquia e a Associação Acta Diurna pretendem desenvolver "um projecto comum de adaptação e reconversão do antigo Museu do Brinquedo num novo e moderno museu dos media e do jornalismo que passará a ser conhecido por News Museum".

A viabilização do projecto resultará num investimento aproximado de 1,8 milhões de euros, a cargo da associação, e a cedência do imóvel, por 20 anos, mediante uma renda mensal de 650 euros, terá de ser aprovada pela assembleia municipal.

"Não é um museu de colecionador ou da imprensa, é um museu das notícias. No fundo conta episódios através do que os media retrataram", explicou Luís Paixão Martins, da Acta Diurna e fundador do grupo de comunicação LPM.

O News Museum vai apresentar, num espaço físico e também virtual, uma história da evolução dos media e das disciplinas do jornalismo. O espaço museológico será repartido em secções: "propaganda", "géneros" jornalísticos, "bad news", "mind games", "guerras" e "newspapers", entre outras.

Na secção "bad news", por exemplo, "existirá um módulo sobre o 'Titanic', com a primeira página do The New York Times, com o jornal inglês que disse que não havia mortos, a primeira entrevista com o telegrafista do barco que recolheu os sobreviventes e a comparação da propagação da notícia do naufrágio com a do filme de James Cameron", explicou Luís Paixão Martins. "É uma espécie de janela aberta sobre o modo como os media retrataram episódios do mundo", acrescentou o especialista em comunicação.

A Acta Diurna quer envolver profissionais, empresas de comunicação e escolas de jornalismo, comunicação e marketing na concepção e gestão dos conteúdos, criando um "conselho de curadores" com personalidades do sector.

O comité do "panteão" selecionará os profissionais que serão objecto de homenagem perpétua do museu e a componente internacional será promovida em colaboração com o Newseum, museu do género instalado em Washington (Estados Unidos da América). "Vamos ter também uma forte componente digital. Há certos módulos que poderão ser vistos em casa, no tablet, no telefone e no computador", sublinhou Paixão Martins.

A Acta Diurna, constituída em Março passado, foi baptizada com o título do primeiro jornal conhecido, criado na Roma de Júlio César, e o seu promotor, com experiência no meio há mais de 40 anos, adiantou que já foram feitos "contactos com empresas de media para ter acesso a arquivos" para o museu.

"A pessoa entra no museu e imediatamente tem as notícias do dia, e depois pode interagir com a história do 25 de Abril, da Primeira República, tudo o que foi importante para Portugal", apontou Basílio Horta. O presidente da autarquia esclareceu que o museu permite valorizar um imóvel que estava devoluto desde o fecho do Museu do Brinquedo, em Agosto de 2014, e que "valoriza imenso a vila e põe Sintra na primeira linha dos museus mais modernos da Europa".