Câmara de Lisboa promete recolher lixo na madrugada de segunda-feira
Autarquia quer normalizar a situação "o mais depressa possível" e por isso logo que termine a greve vai reforçar a equipa de recolha de lixo, varredura e lavagem de ruas.
Duarte Cordeiro garantiu que a câmara está "a concentrar esforços para escalar o maior número de trabalhadores possível para que se efectue, desde a primeira hora depois de terminada a greve, a recolha de resíduos e a varredura e lavagem das ruas".
Os cantoneiros e os funcionários municipais da recolha do lixo em Lisboa estão em greve desde a véspera de Natal. A paralisação, em protesto contra a transferência de competências da câmara para as juntas de freguesia, prolonga-se até domingo e afectará, nestes últimos dias, apenas o trabalho em horas extraordinárias.
A autarquia tem assumido as dificuldades que esta greve criou à gestão da limpeza e higiene urbana da cidade. Foram decretados serviços mínimos mas mesmo assim as ruas da capital estiveram - e algumas ainda estão - transformadas em verdadeiras lixeiras a céu aberto. Perante este cenário, os presidentes das juntas da Estrela e de Arroios decidiram fazer a recolha nas suas freguesias, apanhando os sacos abandonados nas ruas e depositando-os em espaços da câmara ou nos contentores que a autarquia espalhou pela cidade.
Sindicato vai continuar a luta
Para o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), que convocou a paralisação, este reforço do número de trabalhadores ao serviço na madrugada de segunda-feira "prova que a greve atingiu os seus objectivos, chamando a atenção de todos para o problema dos 1800 trabalhadores que o município vai transferir para as juntas".
Vítor Reis, presidente do sindicato, lembrou que este protesto foi convocado também para defender o serviço público. "A transferência de competências para as freguesias pode ser a abertura da porta para a externalização da prestação de serviço. Não quer dizer que seja directo, nem para hoje ou para amanhã, mas este é um perigo real", afirmou.
O vereador Duarte Cordeiro voltou a sublinhar nesta sexta-feira que "a recolha do lixo não transitará para as freguesias". No departamento da Higiene Urbana, apenas a lavagem e a varredura das ruas passarão a ser responsabilidade das juntas. No entanto, a reivindicação do sindicato é que os funcionários transitem para as juntas de freguesia "em regime de mobilidade". O STML está também preocupado com "a possibilidade de as juntas não respeitarem os perfis funcionais dos trabalhadores".
Vítor Reis faz um balanço positivo da greve, mas considera que "as razões do protesto se mantêm" e diz, por isso, que o STML "não descarta nenhuma forma de luta no futuro próximo".