Câmara de Lisboa mantém duas rotundas no Marquês mas recua na Avenida da Liberdade

Autarquia vai aproveitar para repavimentar a avenida. Mas as alterações só terão efeito se o Governo travar a "degradação" dos transportes públicos, avisa António Costa.

Condutores vão voltar a ter duas vias para subir a Avenida da Liberdade Carlos Lopes/arquivo

Segundo a proposta aprovada nesta quarta-feira em reunião de câmara, com os votos contra do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PCP, a circulação na faixa central da Avenida da Liberdade voltará a ser como antes das alterações que entraram em vigor em Setembro e as faixas laterais permitirão o atravessamento entre a Rua de Alexandre Herculano e o Largo da Anunciada.

A dificuldade de escoar o trânsito que se acumulava no sentido ascendente nesta avenida foi “o maior problema de todos” os detectados no novo esquema de circulação que a câmara desenhou para aquela zona, admitiu o presidente António Costa aos jornalistas, nesta quarta-feira. Para o solucionar, será reintroduzida uma segunda via para carros particulares no sentido Restauradores-Marquês de Pombal, mantendo uma via no sentido inverso.

A este problema juntam-se outros dois: o congestionamento da Rua da Escola Politécnica e as dificuldades de circulação nas laterais. No primeiro caso, a solução adoptada pela câmara foi o aumento do tempo do semáforo verde naquela rua, introduzido na semana passada. Quanto às laterais, onde “nem sempre as pessoas acertavam com o quarteirão” onde queriam dirigir-se, a solução foi permitir a circulação sem interrupções entre a Rua de Alexandre Herculano e o Largo da Anunciada.

As bicicletas, cujos utilizadores se têm queixado da falta de condições de circulação naquela zona, passarão a circular nas vias laterais.

Enquanto procede a estas alterações, cujo custo António Costa não revelou, será feita a repavimentação da Avenida da Liberdade. A intervenção, que vai ser feita por fases e sobretudo no período nocturno, deverá começar em Fevereiro e demorar, “no máximo”, dois meses, segundo o autarca.

“Há décadas que não há uma repavimentação como deve ser da faixa central. Toda a gente se queixa dos buracos. Agora, que o modelo está estabilizado, vamos reconstruir a faixa central, de forma a que esta tenha durabilidade”, afirmou António Costa.

Qualidade do ar melhorou
O actual esquema de circulação no Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade, em vigor desde 16 de Setembro, teve também “resultados positivos”, sublinhou Costa. Verificou-se uma “melhoria da segurança de circulação” e do “desempenho da rotunda do Marquês”, que se traduziu na redução do número de acidentes de 24 para 15 (comparando o período entre 15 de Setembro e 31 de Dezembro de 2012 com o período homólogo de 2011).

António Costa destaca ainda a melhoria da qualidade do ar, objectivo principal desta intervenção. Segundo um relatório de avaliação elaborado pelo pelouro da Mobilidade, a concentração de poluentes associados ao tráfego rodoviário na Avenida da Liberdade “só excedeu os limites legais em dois dias” daquele período.

O autarca sublinha que, caso persista o não cumprimento das normas europeias de qualidade do ar até aqui verificado, o Estado poderá ter de pagar uma multa de 1,890 milhões de euros, acrescidos de 630 euros diários enquanto persistir o incumprimento. 

Apesar das alterações, António Costa deixa um aviso: “Não acredito que possamos ter mais melhorias da qualidade do ar se continuarmos a deixar degradar o nosso sistema de transportes públicos”.

Criticando a política de transportes do Governo, Costa lembra que, “para diminuir o tráfego, não basta proibir, é preciso que as pessoas tenham alternativa”, o que, para o autarca lisboeta, não está a acontecer.

“Se continuarmos a ter uma degradação da qualidade do serviço do Metro e da Carris, se a Carris continuar a pôr naquelas carreiras [que servem a Avenida da Liberdade] os autocarros mais poluentes, é evidente que não conseguimos só com estas medidas melhorar ainda mais a qualidade do ar”, afirmou.

António Costa defende que as empresas de transporte público da capital passem a ser geridas pelo município, uma pretensão que já fez chegar ao actual executivo “com muita insistência”, mas sem resposta.

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