Câmara de Lisboa abre inquérito a obras no jardim do Campo Grande
Vereador do PSD diz que António Costa quer apurar responsabilidades nos atrasos e nos custos adicionais.
O executivo municipal tinha agendado para esta quarta-feira a discussão de uma proposta que previa autorizar várias obras adicionais na empreitada da primeira fase das obras do Jardim do Campo Grande, mas, segundo disse à agência Lusa o vereador do PSD António Prôa a proposta acabou por ser retirada à espera de esclarecimentos do vereador com dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, que não participou na reunião e já deu publicamente a obra como concluída.
“É um tratado quase completo do que não se deve fazer no âmbito destes processos de empreitadas públicas. Aquilo tem tudo o que não deve ter”, disse o vereador social-democrata. Segundo o autarca, “a obra, que tinha um prazo de execução de 180 dias, devia ter ficado pronta em Janeiro. Já tem um atraso superior ao prazo inicial previsto para a sua execução. Há desvios de cerca de 411.000 euros na obra, que inicialmente tinha um investimento previsto de 1,7 milhões”.
Entre as obras adicionais previstas está odesvio de um caminho que passava por cima de uma caixa de controlo de sinalização semafórica e a reparação de um pavimento colocado sobre um terreno que não tinha consistência para o receber, exemplificou.
Perante as dúvidas levantadas, a proposta foi retirada da agenda, para que Sá Fernandes clarificasse a situação. “O próprio presidente da câmara pediu esclarecimentos e disse ter dado início a um inquérito para instauração de procedimento disciplinar”, disse António Prôa à Lusa. O PÚBLICO tentou obter mais dados sobre esta questão junto dos assessores de Sá Fernandes e de António Costa, e também de António Proa, mas não foi possível recolher qualquer informação adicional.
A Câmara de Lisboa aprovou na mesma reunião um empréstimo de curto prazo de cerca de 40 milhões de euros - o que levantou preocupações do PSD perante a situação de tesouraria do município - e a construção de doi s grandes edifícios na Alameda das Linhas de Torres, que suscitaram dúvidas ao PCP.
Os vereadores comunistas opuseram-se também à construção de três torres, cuja finalidade ainda não é conhecida, previstas para as Olaias, junto aos serviços sociais do município, projecto que mereceu igualmente a reserva do CDS-PP. O vereador João Gonçalves Pereira disse à Lusa que a “oposição em peso” voltou a contestar a permuta de um terreno municipal por um terreno particular, menor e com condicionantes à construção, ambos junto à avenida 5 de Outubro.