Câmara da Feira garante que não abateu sobreiros no terreno de um futuro parque empresarial
Quercus denuncia que madeireiro abateu sobreiros verdes sem autorização. Direcção-Geral das Florestas vai analisar situação, explica a autarquia.
O alegado abate de sobreiros numa zona florestal chegou aos ouvidos da Quercus que não tardou a reagir. A associação ambientalista escreveu à câmara e deslocou-se ao local, onde garante ter confirmado que “o madeireiro” estava a “desmatar toda a área florestal” e que, além de “pinheiros e eucaliptos”, "tinha abatido o removido sobreiros verdes sem a devida autorização”. E, de imediato, contactou o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR.
A Quercus apelida a situação de “inaceitável e reveladora da falta de fiscalização” num parque empresarial que se vai dedicar ao armazenamento e recuperação de materiais, nomeadamente veículos em fim de vida, resíduos metálicos, eléctricos e electrónicos, entre outros.
A câmara refuta as acusações. O vice-presidente da autarquia e presidente da empresa intermunicipal que gere o PERM garante que está a cumprir com o que está definido na Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do projecto, emitida pelo Ministério do Ambiente. O responsável adianta ao PÚBLICO que está previsto “o abate dos sobreiros mais velhos e o transplante dos mais jovens” na zona verde envolvente ao PERM.
Emídio Sousa refere que, neste momento, aguarda que a Direcção-Geral de Florestas se desloque ao terreno para indicar quais os sobreiros a abater e a replantar. Na DIA, sublinha, está escrito que compete à entidade executora do parque empresarial “armazenar e transplantar os exemplares de sobreiro mais jovens, sempre que tal se revela possível, de modo a que estes possam ser integrados na área verde envolvente ao projecto”. Operação que terá de ser acompanhada e supervisionada por técnicos com formação na área ambiental.
De qualquer forma, a empresa que gere o PERM compromete-se a plantar pelo menos 256 sobreiros. “Estamos a cumprir o que está na DIA”, sustenta, acrescentando desconhecer se no processo de expropriações dos terrenos algum proprietário terá indevidamente abatido sobreiros. "Aquela zona foi fustigada por alguns incêndios", recorda.
No entanto, a Quercus está apreensiva com a obra e defende que deveriam ter sido estudados locais alternativos para a instalação do PERM. As suas preocupações centram-se não só no abate de sobreiros, mas também no impacto que o parque empresarial terá sobretudo nas linhas de água que circulam ali perto.
O PERM é apresentado como um dos maiores parques empresariais do Norte do país, num investimento de cerca de 16 milhões de euros. A sua construção deverá estar concluída dentro de 16 meses, estimando-se, depois de abrir, a criação de mais de 100 postos de trabalho.