Caldas da Rainha inicia o Verão com o centro da cidade em obras

Oposição e vendedores da Praça da Fruta contestam soluções da Câmara para regenerar a cidade. Obras em curso valem 10 milhões de euros.

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Obras em curso valem dez milhões de euros Sandra Ribeiro

A alternativa proposta era que aqueles equipamentos passassem para o topo da Praça da República (mais conhecida por Praça da Fruta por ali se realizar o mercado diário ao ar livre), onde o camião de lixo pode estacionar sem impedir o trânsito e libertando o emblemático edifício do séc. XVIII do efeito visual negativo das bocas dos contentores.

A maioria PSD, seguindo a habitual disciplina de voto, rejeitou a proposta, mas este é apenas um exemplo das controvérsias que têm assolado a regeneração urbana das Caldas da Rainha, um investimento de 10 milhões de euros que visa dar um novo rosto à cidade numa área de 20 hectares hectares que ocupam o centro da cidade.

A aplicação destes 10 milhões não obedece a uma lógica de projecto nem foi precedida de qualquer discussão pública, tendo sido o resultado de ideias avulsas do presidente da Câmara anterior, Fernando Costa, e de alguns vereadores.

As obras começaram há dois anos, mas só agora entraram na sua fase mais decisiva e mais complicada: as duas maiores e mais centrais praças da cidade estão fechadas para obras. O trânsito está um caos. E comerciantes, visitantes e residentes protestam com a confusão criada.

Enquanto isto, a oposição não dá tréguas ao executivo camarário apontando erros e defeitos aos projectos. Na Praça da Fruta, onde as obras - no valor de 350 mil euros – contemplam a mudança integral da calçada do tabuleiro onde se realiza o mercado, os vendedores apontaram erros ao projecto: as artérias projectadas em volta não têm espaço para cargas e descargas. O município já assumiu o erro e mandou corrigi-lo, tendo-se, para tal, que destruir obra já feita.

Para a mesma Praça da Fruta, o CDS/PP bateu-se para que ali se construísse um parque de estacionamento subterrâneo a fim de que as pessoas que iam às compras pudessem deixar os carros logo ali em baixo.

A Câmara disse que já era tarde para pensar em tal coisa e argumentou que seria grande o risco de tais obras se eternizarem devido ao provável aparecimento de muitos achados arqueológicos durante as escavações.

Por isso, o grande parque de estacionamento subterrâneo da cidade está a ser construído noutro local, na Praça 25 de Abril, e custa 4 milhões de euros. No coração da cidade avista-se agora uma enorme cratera onde laboram gruas e camiões a remover terras. Em redor, o tribunal, a Câmara Municipal, as finanças, o posto de turismo, a igreja paroquial e estabelecimentos comerciais estão praticamente entaipados. A confusão é fácil de imaginar.

As obras deveriam acabar em Outubro, mas o próprio presidente da Câmara, Tinta Ferreira, já assumiu que estas estão um mês e meio atrasadas. O empreiteiro, o consórcio Ferreiras, do Porto, recusou dar quaisquer informações sobre o andamento da obra.

Apesar de algumas avenidas já estarem requalificadas e de as pessoas verem o resultado final com algum agrado, os trabalhos de regeneração urbano estão na sua fase mais crítica, coincidindo ainda por cima com o início do Verão quando a cidade recebe milhares de visitantes.

Por proposta da associação comercial foi reaberta ao trânsito a rua Heróis da Grande Guerra, que atravessa a cidade e que fora anteriormente transformada em zona pedestre. Uma solução que obvia alguns dos problemas de anquilosamento do trânsito, agravado pela dificuldade em estacionar.

Por outro lado, nem todas as áreas intervencionadas tiveram um final feliz. O largo em frente ao Hospital Termal – outro ex libris da cidade – que supostamente deveria ficar limpo de carros, está pejado de viaturas estacionadas afunilando a entrada para o centro histórico da cidade.

Enquanto isto, nos 10 milhões de euros gastos na regeneração urbana, nem sequer está prevista a construção de ciclovias.

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