Autocarros vão substituir comboios em troço da Linha do Vouga
Comboios já só circulavam a 10 Km/hora neste troço de 25 quilómetros, entre Sernada e Oliveira de Azeméis.
As duas empresas justificam a medida pelo estado de degradação da via naquele troço, onde a velocidade máxima dos comboios, que já vinha sendo limitada a 30 Km/hora, foi ainda reduzida pela Refer, no passado fim-de-semana, para apenas 10 Km horários. Esta limite caricato foi decidido na sequência das fortes chuvadas das últimas semanas, que danificaram ainda mais a linha, e conduziu à medida drástica da suspensão da operação no troço em causa anunciada nesta quarta-feira.
Refer e CP reconhecem que aquela limitação de velocidade provocou "significativas perturbações ao nível da regularidade e da pontualidade dos comboios", pelo que a solução foi recorrer a um serviço rodoviário. As duas empresas avançam ainda que serão realizados "ajustamentos à oferta de comboios e algumas supressões parciais entre Macinhata do Vouga e Águeda". E prometem "desencadear esforços no sentido de ultrapassar as contrariedades" que estas alterações provocam na mobilidade das populações.
Suspensão tem sido prenúncio de fecho
Em Portugal, a história ensina-nos que, quando numa linha degradada o serviço é "temporariamente suspenso" e substituído por autocarros, essa via férrea acaba por fechar definitivamente, algum tempo depois. Foi o que aconteceu em todas as linhas de Trás-os-Montes (das quais as mais recentes foram as do Tua, Tâmega e Corgo), do Alentejo e também na linha Figueira da Foz-Pampilhosa.
A Linha do Vouga esteve prestes a ser encerrada em 2011, já pelo Governo de Passos Coelho, no âmbito do Plano Estratégico dos Transportes. A contestação de autarcas e população levou, porém, à suspensão dessa medida, sem que, no entanto, tivesse avançado qualquer plano de investimento para a linha, que continuou a degradar-se.