Autarca agredido durante protesto contra falta de água numa aldeia de Alijó

Habitantes de Perafita reclamam a água que não corre nas torneiras desde Abril. Com a chegada do Verão e dos emigrantes, a situação tornou-se insuportável.

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Habitantes dizem que água tem faltado desde Abril Adriano Miranda

O protesto era contra a falta de água, mas à chegada do presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde, Domingos Henriques, à localidade os ânimos exaltaram-se com alguns manifestantes a gritarem palavras de ordem como "vergonha" ou "mentiroso". Um deles acabou por empurrar o autarca, que caiu ao chão. A GNR, presente no local, interveio de imediato e identificou o agressor.

Em declarações aos jornalistas, Domingos Henriques lamentou a situação e disse ainda não ter tomado uma decisão sobre se avança ou não com um procedimento criminal contra o agressor. "São situações que não se admitem, nem eu posso admitir uma coisa dessas. Isto é reprovável", salientou o autarca.

A população de Perafita queixa-se da falta de água, um problema que está a afectar a aldeia desde Abril e que se intensificou neste mês de Agosto devido ao regresso de muitos emigrantes. O abastecimento é feito através de nascentes, com a água a ser encaminhada para um depósito.

Os manifestantes dispararam críticas contra o presidente da junta, a quem acusam de "não fazer nada" e de "não estar ao lado" das pessoas desta aldeia da freguesia de Vila Verde. "Só queremos que se arranje uma maneira de termos água", afirmou Carlos Fernandes, emigrante no Luxemburgo e que todos os verões regressa de férias à terra natal.

Carlos Fernandes diz que tem que ir buscar água aos poços ou fontanários. "Estamos ainda mais indignados porque nos foi prometido um camião cisterna para nos abastecer e ainda não veio nada para aqui", salientou.

Alfredo Vaz vive durante todo o ano nesta aldeia do distrito de Vila Real e lamenta o facto de pagar desde Abril a factura da água sem nunca usufruir do serviço de abastecimento. "O pessoal era pouco, a água ia faltando mas lá se ia resolvendo, só que agora com os emigrantes há mais gastos e foi pior. Estamos há dias sem água nenhuma. As pessoas se querem cozinhar têm que ir buscar a água à fonte ", referiu.

Mais no cimo da aldeia, longe da confusão, Ana de Jesus aproveitou para lavar a roupa num tanque público já que em casa não pode pôr a máquina a lavar. "Nem se pode tomar um banho, nem se pode fazer nada. Temos que nos desenrascar", frisou.

O presidente da junta garantiu que tem estado a tentar resolver o problema conjuntamente com a Câmara de Alijó, a responsável pelo abastecimento de água. "Este é um problema que já se arrasta há uns anos, não é só de agora. Se não se substituir as tubagens que ligam as aldeias à nascente, o problema só vai ser resolvido temporariamente", explicou.

O autarca explicou que tem pedido à câmara para que seja feito um levantamento estrutural de toda a canalização e que contactou os bombeiros no sentido de virem à aldeia com uma cisterna de água, tendo, no entanto, obtido a resposta de que os "camiões não cabem nos caminhos".

Nesta terça-feira, um técnico do município esteve no local a substituir uma bomba que estava estragada, mas Domingos Henriques teme que seja apenas uma "resolução temporária do problema".

O protesto dos habitantes de Perafita já teve início na segunda-feira, quando retiveram durante algum tempo uma carrinha da junta, uma situação que foi resolvida com a chegada da GNR ao local. Os mesmos militares foram hoje recebidos com palmas por parte dos manifestantes.