Árvores caídas no temporal de Janeiro em Sintra aproveitadas para restauros ou biomassa
Chuva e vento de 19 de Janeiro provocaram estragos que ascendem a três milhões de euros nos parques naturais do concelho de Sintra.
A empresa pública que gere os parques naturais do concelho de Sintra explicou que os fins dados à madeira resultante do temporal de 19 de Janeiro são idênticos aos dados às árvores que vão caindo nas zonas sob a sua gestão. “A madeira melhor e mais nobre é armazenada em parque, para utilização posterior nas nossas obras de restauro e recuperação”, avançou a empresa, exemplificando com o novo Centro de Apoio ao Visitante, que está a ser terminado no Castelo dos Mouros, e o stand usado nas feiras de turismo.
A outra madeira é utilizada para aquecimento dos edifícios da empresa ou “vendida para biomassa ao preço de mercado”. “O retorno não é minimamente significativo, na medida em que os prejuízos causados pela queda das árvores nunca são sequer aproximadamente compensados pela sua venda”, frisou a empresa.
O temporal de Janeiro provocou estragos que ascendem a três milhões de euros, que “contemplam infra-estruturas e replantações, mas não os danos em termos de património natural, que levará décadas a recuperar”. A recuperação do Parque da Pena deve prolongar-se por “pelo menos mais quatro meses”, devido à necessidade de limpar e remover as árvores caídas. Os trabalhos iniciaram-se nas áreas abertas ao público, mas a Parques de Sintra-Monte da Lua referiu haver ainda uma “grande área por limpar”.
“As nossas estimativas são de que caíram cerca de 2000 árvores, mas só quando terminarmos saberemos o número exacto, bem como o volume de madeira respeitante”, segundo uma nota enviada à agência Lusa.
A Parques de Sintra está a vender castiçais de madeira de acácias caídas no temporal de 19 de Janeiro para ajudar na recuperação do Parque da Pena. Os castiçais têm uma gravação a laser na base, a referir o temporal de Sintra, que é da autoria de Gonçalo Prudêncio, e estão a ser vendidos por 5,5 euros a unidade.
A empresa tinha já anunciado o reforço da vigilância nas propriedades públicas da serra de Sintra, devido ao aumento do risco de incêndio provocado pela queda de árvores e galhos. Segundo António Lamas, presidente da empresa que gere o património cultural, que inclui o Palácio da Pena, Castelo dos Mouros, Palácio de Monserrate e Convento dos Capuchos, a quantidade de material combustível (árvores e galhos) é um risco agravado de incêndio nos períodos de maior calor.
A 19 de Janeiro, os ventos fortes, com rajadas na ordem dos 130 quilómetros por hora, e a forte chuva provocaram a queda de cerca de 3000 árvores, naquela que, segundo o presidente da câmara, Fernando Seara, foi a “maior catástrofe natural que afectou a serra em 50 anos”. Algumas das estradas e monumentos, como o Palácio da Pena, estiveram encerradas durante vários dias.