Afinal, não foi para fazer manutenção do material que a CP reduziu a oferta na linha de Cascais
Medida foi anunciada na quarta-feira e entrou em vigor nesta segunda-feira.
O PÚBLICO apurou que esta alteração não permite que mais comboios fiquem imobilizados nas oficinas porque a empresa continua a necessitar de utilizar toda a sua frota nas horas de ponta. Por outro lado, nas oficinas de Oeiras – onde é feita a reparação e manutenção destas composições – não está previsto que entrem mais comboios entre as 10h00 e as 17h00 que seria a janela temporal em que estes poderiam ser imobilizados.
As razões que levaram a CP a reduzir subitamente (avisando apenas quatro dias de antecedência) a sua oferta nesta linha suburbana prendem-se, afinal, com a fraca procura que a empresa diz ter durante os períodos de fora das horas de ponta nos comboios curtos entre Oeiras e Cais do Sodré, cuja taxa de ocupação é de apenas 11%.
A contestação dos autarcas desta linha não se fez esperar e o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, pediu uma reunião com a administração da CP e o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, que está marcada para esta terça-feira.
Também o presidente da Câmara de Oeiras, Paulo Vistas, acusou a CP de usar “critérios economicistas” neste acto de gestão, que considera contraditório com a política do governo “de promoção da utilização dos transportes colectivos”.
O grupo parlamentar do PS anunciou entretanto que vai chamar o presidente da CP, Manuel Queiró, à Assembleia da República para explicar esta redução do serviço na linha de Cascais.
Marcos Perestrello, vice-presidente do grupo parlamentar, disse à agência Lusa que «é preciso ouvir rapidamente o presidente da CP e saber quais são os planos para recuperação da Linha de Cascais». Para este deputado, “fechar a Linha de Cascais não pode ser opção, e o Governo parece estar a fazer tudo para a fechar e poder inseri-la no pacote de privatizações baratas, como tem feito com muitas outras áreas da governação”.