Administrador da Braval pede coimas para os "catadores de lixo"
Responsável pela empresa intermunicipal de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde lembra que o desvio de resíduos "é crime".
“Parece que estamos a voltar ao tempo dos ‘catadores de lixo’, uma situação própria de países do Terceiro Mundo. É preciso tomar medidas para travar este roubo, que nos prejudica a todos. As coimas podem funcionar como um factor fortemente dissuasor”, disse Pedro Machado à Lusa.
A Braval é uma empresa multimunicipal responsável pela valorização e tratamentos dos resíduos sólidos dos concelhos de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho e Vila Verde.
Pedro Machado sublinhou que o desvio de resíduos “é crime” e apelou à população para denunciar aquelas ocorrências à polícia. “Há empresas e serviços organizados para a recolha e tratamento de resíduos que, assim, ficam sem parte da matéria-prima para a sua actividade, sofrendo prejuízos que podem obrigar à subida das tarifas”, acrescentou.
Em 2012, a Braval recolheu 14.126 toneladas de resíduos recicláveis nos ecopontos existentes na sua área de abrangência, menos 1028 toneladas do que em 2011. Esta foi a primeira vez que os resíduos recolhidos selectivamente na área da Braval diminuíram face ao ano anterior. A diminuição mais significativa, na ordem dos 8%, registou-se no papel e cartão e nas embalagens de plástico e metal, com 8158 toneladas recolhidas em 2012, enquanto em 2011 aquele valor chegou às 8901 toneladas.
A Braval reconhece que uma grande parte da redução se fica a dever à “grave crise económica”, que fez diminuir o consumo, levou mais gente a emigrar e alterou os hábitos alimentares de muitas famílias portuguesas, que passaram a cozinhar mais em casa, evitando o recurso ao take-away’ e às embalagens de comida pré-cozinhada, e a aproveitar as sobras. No entanto, sublinha que a redução também tem a ver com os furtos de diferentes materiais junto aos contentores e na via pública, uma situação que “é frequente” nos centros urbanos, com veículos que circulam antes dos veículos de recolha, retirando, por exemplo, papel e cartão, metais e aparelhos eléctricos.
“Trata-se de um roubo. As pessoas produziram os resíduos, tiveram o cuidado e o esforço de os separar e alguém, ilegalmente, retira esses resíduos, deitando por terra o esforço das pessoas e da Braval, quer na sua recolha, quer no investimento na colocação de equipamentos para o efeito, os ecopontos”, criticou. Pedro Machado disse que, por tudo, pela primeira vez nos últimos sete anos, a Braval “se viu obrigada” a aumentar as tarifas de deposição em aterro, que subiram 18%.