PS e CDU querem que a Câmara do Porto apoie a Seiva Trupe
Companhia ocupa o Teatro do Campo Alegre e tem uma dívida à Fundação Ciência e Desenvolvimento de 50 mil euros
O PS e a CDU defendem que a Câmara do Porto deveria apoiar a companhia de teatro Seiva Trupe, que ocupa o Teatro do Campo Alegre. A posição foi comunicada ontem aos jornalistas no final da reunião do executivo em que foi aprovado o plano de pagamento de uma dívida de 50 mil euros que a Seiva Trupe tem para com a Fundação Ciência e Desenvolvimento (FCD). Na mesma reunião foi aprovado o orçamento municipal para 2012, com os votos contra da oposição, e exigidos esclarecimentos sobre o Bairro do Aleixo.
O PS votou a favor da adenda ao contrato que a Seiva Trupe mantém com a FCD - fundação detida pelo município e pela Universidade do Porto, mas em que o primeiro assume uma posição dominante -, nos termos do qual a companhia reconhece uma dívida de 50 mil euros àquela entidade, comprometendo-se a saldá-la em prestações de cerca de dois mil euros, durante 36 meses. Contudo, no final do encontro, o vereador socialista Correia Fernandes disse aos jornalistas que a concordância do PS tinha reservas. "Votamos favoravelmente, mas foi referido expressamente que a questão do pagamento deveria ser integrada num acordo que significasse um apoio da autarquia a uma instituição que tem produzido programação significativa", disse.
Para o PS, o município deveria "protocolar" com a Seiva Trupe um apoio, que incluísse os tais dois mil euros mensais que a companhia deverá pagar à FCD. Posição similar assumiu a CDU, que se absteve na votação da proposta sobre esta matéria. Pedro Carvalho defende que "esta companhia deveria ser apoiada", lembrando que os encargos com a dívida, associados aos cortes nos apoios vindos do Estado - e que em 2012 chegaram, no caso da Seiva Trupe, aos 38% - "irão afectar a programação". Por isso, o vereador comunista defendeu: "Independentemente do assumir da dívida, tinha de haver um entendimento do município de apoiar a companhia".
O executivo da Câmara do Porto aprovou, ontem, apenas com os votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP o Orçamento para 2012. PS e CDU votaram contra e apresentaram propostas alternativas de rubricas que queriam ver incluídas no documento - no caso do PS, uma era "o início urgente" das obras de reabilitação do Mercado do Bolhão -, mas que não foram acolhidas pela maioria.
Entre as principais críticas estiveram a diminuição do orçamento global da câmara, o contínuo recurso à alienação de património e a falta de esclarecimento sobre como será investida a receita extraordinária prevista, na ordem dos 45,1 milhões de euros. Esta previsão leva mesmo Pedro Carvalho a suspeitar que "a câmara se prepara para assumir a gestão do processo do [Pavilhão] Rosa Mota, sem recorrer a empréstimo bancário").
O Bairro do Aleixo também esteve presente na reunião, quando está prestes a perder a torre 5, cuja implosão está agendada para sexta-feira. O PS exigiu a Rui Rio uma série de esclarecimentos sobre o processo e Pedro Carvalho disse temer que fosse "vã" a indicação do autarca de que será o fundo de investimento imobiliário responsável pelo futuro do Aleixo a pagar a demolição.