Projecto dos Terraços do Carmo está pronto, mas não se sabe quando começam as obras
Trabalhos deviam ter sido concluídos no final de 2009, mas ainda não começaram. Atrasos são explicados com infiltrações. Alterações ao projecto de Siza Vieira foram entregues há dias
As obras de requalificação dos Terraços do Carmo - nas traseiras do convento com o mesmo nome - e de ligação entre a Rua Garrett e o Largo do Carmo através do pátio B, em Lisboa, foram anunciadas em Abril de 2008 e deveriam estar prontas no final de 2009. Três anos depois, a intervenção apresentada como "estruturante e estratégica" para revitalizar a Baixa ainda não arrancou e não tem data para começar. O projecto de arquitectura, que entretanto teve de ser alterado, está pronto e já foi entregue à câmara. Mas o concurso para a empreitada ainda não foi lançado.
Segundo o arquitecto Carlos Castanheira, do atelier de Siza Vieira, responsável pelo projecto, os planos de arquitectura da primeira fase da obra já têm a aprovação do Instituto de Gestão do Património Arquitectónio e Arqueológico (Igespar) e da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo. "A câmara pode lançar a empreitada", afirma o arquitecto.
Os trabalhos, porém, só poderão avançar depois de se perceber se será necessário reforçar a sustentação dos terrenos da encosta, para prevenir eventuais escorregamentos e assentamentos. Essa questão, soube o PÚBLICO, está ainda em estudo.
Apesar dos atrasos, a autarquia assegura que o processo será desbloqueado em breve. "Esta é indiscutivelmente uma obra para avançar durante este mandato. O concurso vai ser lançado antes do final do ano", garante o adjunto do vereador das Obras, Carlos Marques Costa.
O projecto está dividido em duas fases. A primeira consiste na ligação da Rua Garrett ao Carmo, através do Pátio B (nas traseiras do quarteirão delimitado pelas ruas do Carmo e Garrett e pela Calçada do Sacramento). Vão ser construídas rampas e escadas que permitirão chegar ao patamar da porta sul da Igreja do Convento do Carmo, por trás do recreio da antiga escola Veiga Beirão. "Este percurso vai ser pontuado por pequenos lagos, bancos e uma zona ajardinada", explica Carlos Castanheira.
Está também previsto um acesso ao pátio correspondente ao recreio da Veiga Beirão. Os visitantes poderão subir até ao patamar da porta sul da igreja através do elevador do edifício Leonel, desde a Rua do Carmo, e do passadiço que vem do vizinho elevador de Santa Justa.
Na primeira fase estavam incluídas as demolições, feitas em 2009, de várias construções existentes nos terraços do quartel da GNR, antes ocupadas por uma tipografia e camaratas da guarda. Foi no decurso dessas demolições que se verificaram infiltrações em seis lojas da Rua do Carmo, nos pisos térreos dos edifícios nos quais assenta parte dos terraços, o que forçou a paragem dos trabalhos. O relatório da peritagem encomendada pela autarquia concluiu, no entanto, que o problema era anterior às obras.
Vestígios arqueológicos
Este imprevisto exigiu uma adaptação do projecto por forma a incluir um sistema de drenagem de águas pluviais. Inicialmente também não tinham sido tidos em conta os vestígios arqueológicos que surgiram nas escavações realizadas e que foram agora considerados na versão final e integrados no percurso pedonal.A segunda fase do projecto diz respeito ao arranjo dos terraços do Carmo. Vai ser criado um espaço público nas traseiras sobre a muralha existente, com jardins, uma cafetaria e uma esplanada com vista sobre a cidade. Segundo Carlos Castanheira, serão construídas escadas que ligam o patamar da porta sul da igreja (por baixo do passadiço de acesso ao topo do elevador de Santa Justa) à cota inferior, onde ficam os terraços. A esse espaço também será possível aceder pelo interior do Museu Arqueológico do Carmo, através de escadas e de um elevador que descerá para a cafetaria. Os deficientes motores terão outra alternativa: um outro elevador num edifício municipal da Rua do Carmo, que dá acesso à cota dos terraços.