Ponte ciclável proposta pela Fundação Galp para a Segunda Circular adiada para 2011
Há um ano, a Galp disponibilizou um milhão de euros para uma travessia inovadora sobre uma das principais artérias da capital. Mas as contas do calendário inicial saíram furadas
Em Outubro do ano passado, eram anunciados os vencedores do Concurso Internacional de Ideias para a nova ponte ciclável e pedonal sobre a Segunda Circular, em Lisboa. A Fundação Galp Energia, promotora da iniciativa em conjunto com a ExperimentaDesign, atribuiu aos arquitectos portugueses da MXT o primeiro prémio: 10.000 euros. Na altura, anunciou-se que a infra-estrutura abriria ao público daí a um ano, algo que afinal não vai acontecer.
O concurso só vai ser lançado agora, até ao final deste ano, disse ao PÚBLICO um dos responsáveis da Galp, sem adiantar as razões por que não foi lançado mais cedo. A obra, financiada pela Fundação Galp Energia, pretende ligar a zona das Torres de Lisboa a Telheiras e, ao mesmo tempo, conectar-se a outras ciclovias já existentes, ou em vias de existirem.
Espera-se que a obra arranque em 2011, mas o calendário concreto é algo que nem a Galp Energia nem a Câmara Municipal de Lisboa (CML) conseguem, por enquanto, revelar. António Adão da Fonseca, engenheiro coordenador do projecto vencedor da MXT, "equaciona" o início da empreitada para Maio do próximo ano, de forma a que a construção termine no final do Verão, "dependendo do ritmo da obra".
Os responsáveis da fundação da Galp referem que mais um eventual atraso na construção da ponte, orçamentada em um milhão de euros, poderá justificar-se caso surjam "constrangimentos técnicos" devidos ao carácter "muito inovador e alternativo" da estrutura - características que, aliás, iriam ao encontro da "aposta muito grande da Galp Energia na mobilidade sustentável", sustenta Pedro Marques Pereira, porta-voz da empresa.
O vereador José Sá Fernandes, da CML - a autarquia não prestará qualquer contributo financeiro -, vê na ponte "uma oferta extraordinária que vai permitir uma ligação fundamental que encurta distâncias, e ultrapassa o obstáculo que é a Segunda Circular", que é uma das principais artérias da cidade.
Telmo Cruz e Maximina Almeida, arquitectos do projecto vencedor, também imaginam Lisboa com cada vez menos carros: "Há uma política consistente, empenhada, que já tem pelo menos dez anos, e que visa a implantação de qualquer alternativa ao automóvel. A primeira expressão disso é a bicicleta, mas surgirão outras, que ainda não sabemos quais são, e que deixarão uma marca no espaço urbano. Surgirão vias de uma outra escala, já não é a estrada onde a carroça evolui para o carro, mas muito mais próximas do caminho que já não tem propriamente lugar na cidade".
Para os arquitectos, mais importante do que encontrar a resposta, é encontrar a pergunta certa: "Era importante saber para que servia a ponte, o que é que ela une, e sobretudo o que é que pode evoluir, e o que é que poderá vir a unir."