Demolição das barracas do Bairro da Torre, em Camarate, vai recomeçar esta semana

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Nas barracas perto do aeroporto moram ainda 84 famílias DANIEL ROCHA

Concentração à porta da Câmara de Loures exigiu alternativas para quem não tem direito a casa municipal e meios para arrendar uma habitação própria

Visto de longe, o bairro da Torre, Camarate, concelho de Loures, é um amontoado de barracas, um resquício do que já foi um bairro de génese ilegal onde chegaram a viver 1500 pessoas. Para as 84 famílias que ainda ali sobrevivem, as barracas são o seu reduto, o tecto pelo qual se afirmam dispostas a lutar. A autarquia deu início a demolições em Março e recebeu ontem meia centena de pessoas que se concentraram à porta da sede da câmara, para reclamarem que o processo seja suspenso.

Os rumores de que a demolição das barracas recomeçaria esta semana foram confirmados ao PÚBLICO pela vereadora Sónia Paixão, que tutela as pastas da Habitação e da Coesão Social, e que durante a tarde acabou por receber representantes dos moradores. Uma reunião que deu uma nova esperança aos moradores em maiores dificuldades, resumiu Rita Silva, da associação Solidariedade Imigrante.

Para Sónia Paixão, que adiantou que ainda esta semana todas as barracas vazias, assim como algumas habitadas, serão demolidas, "nada de novo foi dito" nesta reunião em que também estiveram o presidente da Câmara de Loures e o presidente da Junta de Camarate. "Mantivemos a nossa posição. Não há solução para as famílias que não estão recenseadas ao abrigo do Plano Especial de Realojamento (PER)", diz. "Mas sempre dissemos que íamos olhar para os casos mais graves. É óbvio que não vou pôr uma pessoa invisual na rua." As soluções para as 20 famílias "mais vulneráveis" passarão pela candidatura a outros programas de habitação e pelo apoio da Segurança Social e do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, adianta.

Rita Silva diz que entre as 84 famílias que vivem no bairro há uma percentagem grande de idosos, pessoas doentes, mães sozinhas com crianças, pessoas com rendimentos extremamente baixos - "vão até 300 euros por mês, e 300 euros é uma excepção neste bairro". "A câmara não se pode desresponsabilizar", alerta. Mas os números com que a câmara tem trabalhado são muito diferentes. "A média do bairro andará à volta dos 650 euros por agregado e há famílias com rendimentos de 900 euros", garante Sónia Paixão. O problema destas pessoas, continua Rita Silva, é que não têm uma alternativa de alojamento para os sobreviventes deste bairro feito em terrenos contíguos ao Aeroporto Militar de Figo Maduro e ao Aeroporto Internacional de Lisboa. As famílias nesta situação não estão abrangidas pelo PER, feito há 18 anos.

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