Viana convoca o país para um “grande grito” em defesa dos Estaleiros e da construção naval

Câmara apela à participação de artistas, atletas, elementos da Marinha, políticos e sociedade civil, numa “grande jornada de luta” contra o encerramento dos ENVC.

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Paulo Pimenta

Em conferência de imprensa, realizada no edifício camarário e, acompanhado pela Comissão de Trabalhadores, o autarca socialista José Maria Costa apelou a artistas, políticos, elementos da Marinha, atletas e sociedade civil que compareçam na iniciativa denominada “A construção naval não pode morrer”.

“Vamos fazer de Viana do Castelo o centro do país na defesa de uma empresa que representa a nossa identidade. Vamos lançar um grito nacional, a partir da Praça da República, para que o processo de subconcessão dos estaleiros navais seja suspenso e não se perca o conhecimento que existe”, sustentou.

O autarca explicou que “as portas da Praça da República estão abertas a todos” os que se queiram associar-se a esta “manifestação colectiva” de defesa dos ENVC e da construção naval. José Maria Costa pede que sejam “a voz da identidade” do país, demonstrando a “relação histórica, cultural e económica” que sempre manteve com o mar.

“Estamos todos unidos nesta causa nacional. O país não pode permitir que esta empresa sucumba e esperamos em Viana do Castelo por todos os que acreditam que vale a pena lutar por uma empresa estratégica e por este sector. Deve ser um sentimento nacional”, afirmou.

A manifestação do próximo sábado incluirá momentos de música, poesia e intervenções “políticas e sentimentais”, estando aberta a "todas as pessoas de boa vontade”.

José Maria Costa adiantou que o país não se pode dar ao luxo de perder uma empresa estratégica como os ENVC: “Montar um estaleiro é uma coisa que demora muitos anos. Este centro de competências não se pode perder. Um país sem construção naval é um país que está destinado a não ter futuro. Um país que não acredita no seu conhecimento e no seu património é um país que não merece chamar-se Portugal”, referiu José Maria Costa.

O coordenador da Comissão de Trabalhadores dos ENVC, António Costa, afirmou que este é o momento mais trágico da história de 69 anos dos ENVC e nesse sentido apelou ao apoio e participação de todos na iniciativa. Anónio Costa voltou a reafrmar que o encerramento do maior construtor naval português é um “crime social” e um “erro estratégico” cometido pelo ministro da Defesa.

Na semana passada, o ministério tutelado por José Pedro Aguiar-Branco anunciou o encerramento dos ENVC e o despedimento dos actuais 609 trabalhadores, na sequência da atribuição da subconcessão dos terrenos e infra-estruturas da empresa ao grupo Martifer.
 

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