Universidade Católica: economia terá crescido ligeiramente no 2.º trimestre

Núcleo de estudos mantém prudência sobre evolução do PIB. Para 2013, continua a prever uma contracção de 2,4% e antecipa um défice “claramente superior” ao objectivo.

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Os economistas do NECEP destacam o crescimento das exportações Daniel Rocha

A projecção compara com uma diminuição de 0,4% no primeiro trimestre, altura em que o PIB trimestral recuara para 37.867,8 milhões de euros.

O desempenho da economia em relação ao mesmo período do ano passado continua, porém, a ser negativo e, para o conjunto do ano de 2013, os economistas prevêem uma contracção do PIB de 2,4% (ligeiramente superior à do Governo e da troika – uma queda de 2,3%).

De acordo com a projecção feita na Folha Trimestral de Conjuntura, conhecida nesta quarta-feira, o PIB terá registado uma contracção homóloga de 2,5% no segundo trimestre, menor do que a queda homóloga de 4% no primeiro trimestre.

Já quando se olha para a evolução do produto em cadeia – comparando dois trimestres seguidos – os dados do NECEP apontam para uma interrupção no movimento de queda do PIB em dois anos e meio (desde o último trimestre de 2010).

Os economistas do NECEP dizem ser preciso ler com prudência estes dados. Para confirmar se o crescimento ligeiro no segundo trimestre se concretiza é preciso esperar pelos dados do Instituto Nacional de Estatística, que só a 14 de Agosto publica uma primeira estimativa das contas nacionais para o período Abril-Junho.

Os economistas referem uma melhoria da actividade económica “extensiva à generalidade dos indicadores”, sobretudo nas exportações – o único motor que está a puxar pela economia –, mas referem com cautela alguns dados positivos. “O consumo e o investimento apresentam também sinais favoráveis, o que é um aspecto animador mas que deve ser interpretado ainda com bastante prudência” sublinham, em linha com a leitura de conjuntura repetida pelo ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar.

Prudência é, aliás, o traço dominante na análise do NECEP quano à evolução da actividade económica em 2013 e 2014, cujo crescimento os economistas dizem estar “muito dependente da conjuntura externa e, em particular da crise das dívidas soberanas na zona euro”.

A crise política, consideram, “veio acentuar significativamente os riscos negativos”. Mas as consequências concretas são “difíceis de projectar em toda a sua extensão”, acrescentam, justificando que isso dependerá “largamente da solução encontrada e do desempenho do ‘novo’ Governo, designadamente na sua relação com os credores institucionais”.

É neste “contexto de elevada incerteza e de risco acrescido” que prevêem uma quebra do PIB de 2,4% para este ano, seguido de mais um ano de recessão (com um recuo de 0,4% em 2014). A previsão é a mesma feita na Folha Trimestral de Conjuntura anterior (de Abril), o que o NECEP explica com “dois factores de sinal contraditório”. Os economistas falam, por um lado, numa “surpresa positiva” em relação aos dados do segundo trimestre, mas contrapõem com o impacto da subida das taxas de juro no mercado de dívida nos custos de financiamento da economia e a possibilidade de o Governo ter de avançar com novas medidas para corrigir as contas públicas.

Para o NECEP, há a percepção de que “serão inevitáveis esforços adicionais de redução do défice” em 2013 (para ser cumprido o objectivo de 5,5% do PIB) e em 2014 (um défice 4%).

Os economistas consideram insuficientes as medidas de consolidação orçamental previstas no Orçamento Rectificativo, “sobretudo tendo em conta o acórdão do Tribunal Constitucional", dizem. E, face ao “cenário político” da última semana, admitem que o défice seja “claramente superior” a 5,5% este ano, obrigando a um esforço adicional no próximo ano.
 

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