Travão nos combustíveis leva a queda de 4,9% das exportações
Paragem temporária da refinaria de Sines penaliza trajectória das exportações. Vendas ao exterior voltaram a cair em Abril. Importações também recuaram.
A diminuição deve-se sobretudo à evolução do comércio para fora do espaço da União Europeia, onde se registou uma queda a pique “devido essencialmente aos combustíveis minerais”, explica o INE.
As exportações voltam, assim, a ressentir-se do efeito da paragem para manutenção da refinaria da Galp em Sines. A abertura de uma nova unidade, no ano passado, foi determinante na trajectória ascendente das exportações de bens portugueses em 2013. E, com a paragem de dois meses no início deste ano, a quebra na produção da maior exportadora nacional ressentiu-se imediatamente nas exportações.
O peso determinante deste sector é evidente quando se olha para a trajectória isolada dos restantes bens exportados. Excluindo da análise os combustíveis e lubrificantes, as exportações registam um crescimento de 3,4%. A quebra a que se assistiu nas vendas neste sector explica assim que, no seu todo, as exportações tenham apresentado um forte recuo homólogo de 4,9%.
Penalizado por estes efeitos, o balanço do conjunto dos quatro primeiros meses do ano é igualmente negativo: de Janeiro a Abril, as exportações de mercadorias somam 15.599 milhões de euros, valor ligeiramente inferior aos 15.627 milhões registados no mesmo período de 2013 (uma queda de 0,18%).
As vendas de combustíveis minerais ao mercado externo recuaram, aliás, 49,8% de Janeiro a Abril face ao mesmo período de 2013. Ao todo, nestes quatro meses, totalizaram 431,1 milhões de euros, quando no final de Abril do ano passado acumulavam 859,4 milhões de euros.
Para além de esta quebra ser influenciada directamente pela paragem temporária da refinaria da Galp, é preciso ter em conta que foi em Abril de 2013 que abriram as novas unidades de refinaria que levariam a um grande crescimento deste segmento de exportação. Paula Carvalho, economista-chefe do gabinete de estudos económicos e financeiros do BPI, considera positivo o facto de as exportações, expurgando o segmento dos combustíveis, terem continuado a crescer em Abril. E diz ser expectável que nos dados de Maio “já se comece a reflectir” o arranque da actividade da refinaria de Sines.
Ainda assim, o BPI está agora a contar que as exportações de bens e serviços cresçam menos do que o projectado inicialmente para este ano (3,8%), tendo revisto em baixo esta previsão.
As importações também recuaram em Abril, tanto na comparação homóloga como na variação mensal. A entrada de bens no mercado português ascendeu nesses mês a 4513 milhões de euros, 6,6% menos do que em igual período do ano passado e 4% abaixo do registado em Março. E também aqui os combustíveis foram determinantes, sendo os bens exportados que apresentam uma maior componente importada.
O decréscimo homólogo é explicado em especial pela queda nas importações de combustíveis de países de fora da UE, enquanto na comparação entre Março e Abril deste ano a queda nas importações resulta “essencialmente da redução verificada no comércio intra-UE (em especial nos combustíveis minerais e produtos químicos)”.
O mercado europeu continua a ser o principal destino das exportações nacionais. Embora as vendas tenham caído 1,4% em Abril, para 2798 milhões de euros (quebra de novo explicada pela evolução das vendas de óleos médios e preparações de petróleo ou de minerais betuminosos), o balanço dos quatro primeiros meses do ano é positivo (11.294 milhões de euros, mais 1,72% do que de Janeiro a Abril de 2013).
Para o mercado extracomunitário, a queda das exportações foi acentuada, com um recuo homólogo de 12,9% (de 1.249 milhões de euros para 1088 milhões). Este ano, é o terceiro mês este ano em que as vendas caíram face a 2013 (a excepção foi Fevereiro), o que explica a diminuição de 4,8% no conjunto dos quatro meses do ano.
Ainda no primeiro trimestre, o contributo da procura externa líquida para o crescimento homólogo do PIB foi negativo, o que aconteceu pela primeira vez desde a presença da troika. Ao contrário do contributo positivo de positivo de 2,8 pontos percentuais dado pela procura interna, o saldo entre as importações e as exportações teve um contributo negativo de 1,6 pontos.