Trabalhadores de call centers que servem a EDP reclamam integração na empresa

Funcionários de duas empresas que prestam serviço de atendimento aos clientes da eléctrica estão em greve nesta segunda-feira.

Foto
Sede da EDP, em Lisboa Filipe Arruda

Em causa estão os trabalhadores de três centros de atendimento (Lisboa, Odivelas e Seia – os dois primeiros da empresa Tempo Team/Randstad e o terceiro da Redware/Reditus).

Em greve nesta segunda-feira, contestam o facto de não estarem vinculados à EDP, mas a empresas prestadoras de serviço, que dizem ser intermediárias na operação. “Não compreendemos por que é que a EDP não pode assumir este serviço como permanente e adstrito a si”, diz ao PÚBLICO Anna Catarino, trabalhadora da Tempo Team/Randstad e representante do Sindicato das Industrias Eléctricas do Sul e das Ilhas (SIEDI). Questionada sobre a adesão à greve, Anna Catarino disse não ter informações disponíveis.

A concentração juntou algumas dezenas de trabalhadores dos três call centers, que distribuíam panfletos com as suas reivindicações a quem passava junto à sede da empresa. “Sem nós a EDP não poderia cumprir as suas obrigações para com os clientes. O que significa que somos imprescindíveis para a sua actividade. Mas estamos afastados dos quadros da EDP e dos direitos daí emergentes. Somos subcontratados. Somos ‘a rapaziada das empresas dos call centers’. Uma espécie de meras mercadorias…”, afirmam nesse texto.

Para a representante sindical, a EDP deve assumir “estes postos de trabalho como efectivos, como seus”. Uma posição enfatizada pelo secretário-geral da CGTP, presente na concentração. Ao PÚBLICO, Arménio Carlos referiu que são “mais de dois mil” os trabalhadores que, muitos deles a contrato a termo certo ou incerto, dão a voz pela EDP, mas que não pertencem à empresa. “Todos os dias são solicitados a fazer o seu melhor para prestigiar a EDP. Como é que se justifica que, perante isto, a empresa não os integre nos seus quadros?”.“Em vez de pagar aos trabalhadores e trabalhadoras salários idênticos àqueles que paga na EDP, [as prestadoras de serviços] pagam-lhes 485 euros ou 600 euros… Isto é inadmissível”, afirmou, considerando que a eléctrica portuguesa está a apostar num “modelo de baixo valor acrescentado”.

“Catroga, Mexia, suga a nossa energia”, “Porquê, porquê, não somos EDP?” eram as palavras de ordem que se repetiam entre os apupos e gritos que, por momentos, abafavam o pára-arranca dos carros a circular na rotunda do Marquês de Pombal. Numa lona virada para a sede da eléctrica podia ler-se: “EDP-Randstad fomenta a precariedade através da entrega de actividade a prestadores de serviços”. Lá atrás, uma mensagem em folhas A4 coladas nas costas de alguns trabalhadores: “Sinta a nossa ironia”.

Sugerir correcção
Comentar