Trabalhadores da McDonald's concentrados frente à loja do Colombo – empresa dispensa 50
Os despedimentos afectam trabalhadores de várias unidades da cadeia de comida rápida.
Esta acção foi promovida pelo Sindicato de Hotelaria Sul, depois de esta estrutura ter tido conhecimento do despedimento de trabalhadores e da contratação de outros funcionários, disse à Lusa o dirigente sindical António Barbosa.
A McDonald's Portugal avançou recentemente com o despedimento de cerca de 50 trabalhadores, por estes "não corresponderem ao perfil" que a empresa procura, disse esta sexta-feira à Lusa a directora de Recursos Humanos, Sofia Mendoça, estando a contratar "cerca de 70".
"Estamos a propor a alguns trabalhadores uma rescisão por mútuo acordo", adiantou a responsável, que explicou que a multinacional norte-americana fez uma "análise profunda" às exigências do consumidor e que, de um "universo de 6.000 pessoas", considerou que "cerca de 50 pessoas não correspondem ao perfil".
Os despedimentos afectam trabalhadores de várias unidades da cadeia de comida rápida, desde o Centro Comercial Colombo, como a da loja perto do Estádio de Alvalade, passando pelos Dolce Vita.
Carla Amaro, de 32 anos, é uma das trabalhadoras afectadas pela medida e que marcaram presença frente à unidade da cadeia de restauração no Colombo.
Na McDonald's há cinco anos e meio, Carla Amaro sofreu há quase um ano um acidente de trabalho numa das unidades da cadeia, estando ainda em recuperação.
Como não pode estar no atendimento, como explicou à Lusa, já que não pode usar calçado fechado, a empresa propôs-lhe a rescisão, por não "ter vaga na área administrativa".
Também Lívia Graça, de 30 anos, com duas crianças e na empresa há nove anos e meio, foi informada que a companhia pretende rescindir com ela.
"Na terça-feira, apresentaram-me uma proposta de rescisão, afirmando que a empresa está em reestruturação e que há corte de pessoal, porque este não se adequa ao perfil".
Ana Francisco, de 29 anos, a trabalhar há sete na McDonald's, e Dalton Neto, de 24 anos, com três anos de casa, marcaram também presença na concentração, que reuniu mais de uma dezena de funcionários de várias unidades.
Ambos afirmaram que a empresa justificou a rescisão com o facto de não se adequarem ao perfil da empresa.
De acordo com Sofia Mendoça, esta decisão resultou de "avaliações de desempenho e de critérios rigorosos".
Questionada pela Lusa sobre qual seria o perfil, a directora de Recursos Humanos disse: "Precisamos de pessoas qualificadas na abordagem ao cliente, o qual tem hoje necessidades diferentes, quer um tratamento mais atencioso. Os trabalhadores têm que ter uma competência comportamental nesta abordagem". Ou seja, segundo a mesma, ser competente nas relações interpessoais.
Actualmente, a empresa está a contratar "cerca de 70 pessoas com o tipo de perfil" que diz precisar, disse a directora.
"Vamos continuar a recrutar, a abrir restaurantes e a dar formação", garantiu a responsável.
Questionada sobre o facto de haver grávidas e lactantes entre a lista de pessoas dispensadas, como avançou à Lusa o sindicato, Sofia Mendoça admitiu essa possibilidade.
"Todas as propostas têm em consideração a situação das pessoas", disse, sublinhando que "as rescisões são por mútuo acordo".