Supermercados reforçam presença entre os cinco maiores importadores
Energia, automóveis e retalho alimentar dominam lista. Modelo Continente sobe uma posição na tabela de 2013 que, pela primeira vez, tem duas cadeias de grande distribuição nos cinco primeiros lugares.
A subida de uma posição da Modelo Continente, do grupo Sonae (dono do PÚBLICO), é explicada pela empresa com o “crescimento da actividade” em 2013.Poderá ainda estar “relacionada com a quebra de actividade de outras empresas e não necessariamente com o Continente”, refere fonte oficial. As vendas anuais preliminares dão conta de um aumento de 4,1% no volume de negócios da Sonae Modelo Continente, para um total de 3415 milhões de euros.
A empresa liderada por Paulo Azevedo garante que as compras aos produtores nacionais têm vindo crescer em termos absolutos (+3% na área dos produtos e perecíveis). “Em 2013 aumentámos as compras a produtores nacionais. Mais de 75% das compras do Continente na área de perecíveis foi realizada a produtores nacionais. É uma percentagem já muito elevada e difícil de ser aumentada, dado que muitos dos produtos que disponibilizamos não existem em Portugal”, justifica o gabinete de comunicação.
Analisando os valores das importações de anos anteriores, nomeadamente de 2012, conclui-se que, no caso do Continente, desde 2012 que se regista uma redução das compras ao estrangeiro. Segundo os dados compilados pela Ignios, empresa especialista em soluções integradas de risco, há três anos as importações da cadeia da Sonae totalizaram mais de 487 milhões de euros, valor que caiu para 419 milhões em 2011, e para 397 milhões em 2010.
Por seu lado, o Pingo Doce - em quarto lugar desde 2011 - garantiu recentemente que 75% do que vende é produzido em Portugal (produtos alimentares). As contas de 2013 dos supermercados portugueses da Jerónimo Martins mostram um crescimento de 3,9% das vendas, para 3181 milhões de euros.
Entre os dez maiores importadores também está o Lidl. Ocupa a sétima posição, a mesma em que estava em 2012 depois de o INE ter revisto os dados. É que, nessa altura, a cadeia alemã chegou a estar na 42ª posição, saindo do top dez nacional. Esta diferença expressiva de classificação é explicada pelo INE pelo facto de, a cada mês, ser revista a informação disponibilizada pelas empresas no chamado sistema Intrastat (que recolhe dados sobre as transacções de bens entre os Estados-Membros da União Europeia) relativa aos três meses anteriores.
Os dados começam por ser preliminares, passando depois a provisórios e, finalmente a definitivos, num longo processo de revisão. Neste período, pode haver informação adicional “não reportada ao INE a tempo das divulgações anteriores”, explica o gabinete de comunicação, em respostas enviadas ao PÚBLICO.
“A construção de rankings de empresas importadoras e exportadoras tem apenas em conta a informação declarada pelas empresas ao sistema Intrastat e não eventuais estimativas de não resposta, efectuadas pelo INE e que complementam a informação de base”, continua. Por isso, podem verificar-se alterações como sucedeu com o Lidl, enquanto os dados não forem considerados definitivos.
A revisão da tabela de 2012, da 42ª posição para a sétima, deixou a cadeia alemã surpreendida. Fonte oficial sublinha que o Lidl “tem procurado aumentar significativamente as compras a fornecedores nacionais”. “Os rankings de importação dependem de muitos outros factores (fórmulas de cálculo, importações de outras empresas, etc.) que não controlamos. A única coisa que podemos confirmar é que temos procurado promover a presença de fornecedores nacionais [e substituir] importações por produção nacional” diz a empresa.
A cadeia tem vindo a abandonar o seu posicionamento de hard disccount e apostado nos produtos frescos e novas disposições dos produtos. “A nossa relação com a produção nacional tem-se vindo a consolidar cada vez mais, como é o exemplo das carnes frescas que são 100% de proveniência nacional”, garante o Lidl, sublinhando que em certos casos a sazonalidade obriga a encontrar alternativas no mercado internacional.
Energia e automóveis lideram
Ao contrário do que sucede com as empresas do retalho alimentar, que vão oscilando posições na tabela, as três maiores importadoras são as mesmas desde 2010. Petrogal, Galp Gás Natural, e Volkswagen Autoeuropa são, por esta ordem, as que mais compram ao estrangeiro. A Petrogal é também a que mais exporta, num ano em que entrou em funcionamento a nova unidade de refinação da Galp em Sines. Aliás, a venda de combustível refinado foi responsável por mais de metade da taxa de crescimento das exportações nacionais de mercadorias em 2013. Portugal exportou mais 4,6% o ano passado.
A Autoeuropa mantém-se como a segunda maior exportadora desde 2010. A empresa, cuja produção caiu 15% entre 2011 e 2012, viu as exportações para a China mais do que duplicarem naquele ano, passando a representar 19% do total. O principal mercado da fábrica foi a Alemanha, para o qual seguiram 28% dos carros produzidos. A fábrica de Palmela sofreu uma redução de 21% da produção em 2013, face a 2012.
Apesar de ser a terceira que mais importa, a Autoeuropa também comprou menos ao estrangeiro em 2012 (passou de 1095 milhões em 2011 para 916 milhões, segundo a recolha efectuada pela Ignios). Contudo, as exportações do fabricante de automóveis ultrapassam estes números (1464 milhões de euros em 2012). O mesmo não sucede com a Petrogal. A maior importadora comprou 7241 milhões de euros fora de Portugal e exportou 3256 milhões.
Na lista das maiores importadoras há uma estreia: a Samsung Portugal, que ocupa a 10ª posição. “A actividade da Samsung em Portugal tem vindo a crescer e isso tem um impacto natural no maior volume de produtos e equipamentos vendidos pela Samsung no nosso país”, afirmou a empresa, sem especificar o tipo de produtos mais comercializados. Em Portugal, tal como no resto do mundo, a marca é líder na venda de smartphones, um mercado que tem estado em crescimento.
Com João Pedro Pereira