Sector metalúrgico teve em 2014 o melhor ano nas vendas ao estrangeiro

Indústria está a atrair investimento estrangeiro, especialmente de empresas de pequena ou média dimensão.

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A associação do sector diz que há produtos importados, que podiam ser produzidos internamente RICARDO JORGE CARVALHO
Em declarações ao PÚBLICO, Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), adianta que, na recta final de 2014, a associação teve quatro contactos de empresas francesas e belgas interessadas em instalarem-se em Portugal. Rafael Pereira avança ainda, sem referir nomes, que no ano passado se instalou uma PME espanhola e que actualmente está a ser instalada uma unidade industrial francesa.

Para além de novos investimentos, alguns já em curso e outros em perspectiva, o líder associativo garante que todas as grandes empresas estrangeiras presentes no nosso país também têm aumentado a sua capacidade de produção, criando mais empregos. A tradição de atracção de investimento estrangeiro, designadamente de grandes multinacionais, já é antiga. A novidade agora reside no interesse que as PME europeias estão a revelar pelo país.

O investimento estrangeiro explica parte do dinamismo do sector, que assegura um volume de negócios anual de 28 mil milhões de euros, metade do qual é exportado. Importante é também a capacidade de adaptação das empresas nacionais, cada vez mais apostadas ao fabrico de produtos de alto valor acrescentado, como são as peças técnicas vendidas para a indústria automóvel, aeronáutica e nuclear, entre outras.

A qualidade dos produtos, a capacidade de inovação, a existência de mão-de-obra qualificada, o apoio de um conjunto de centros tecnológicos, como o CATIM e o CENFIM e de institutos de investigação e certificação, como o INETI, INEGI, pesa favoravelmente na decisão das PME estrangeiras de se instalarem Portugal.

“A indústria metalomecânica portuguesa nunca foi protegida, nem a nível nacional, nem comunitário, mas isso tornou-nos mais fortes”, refere Rafael Pereira, acrescentando que o sector concorre com o melhor que se faz na Alemanha, em França, ou mesmo nos Estados Unidos e no Japão.

Peças técnicas em alta

A produção de peças técnicas é um dos segmentos do sector que registam maiores crescimentos, refere Rafael Pereira. No total, este segmento representa actualmente uma produção de seis mil milhões de euros.

A apostar exclusivamente nas peças técnicas existem cerca de 150 PME, a que se junta um universo grande de microempresas.

Entre os segmentos com menor crescimento ou mesmo alguma contracção estão os produtos destinados à construção, como caixilharias, torneiras ou ferragens, que sofreram com a crise imobiliária em Portugal e em Espanha. Ainda assim, refere o líder associativo, há empresas destes ramos a orientar-se para produtos com maior procura no mercado.

As exportações gerais do sector têm crescido a bom ritmo, aumentando 30% nos últimos quatro anos. Em 2014, as exportações cresceram 9,6%, totalizando 13.798 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre.

O vice-presidente da AIMMAP está optimista na manutenção do rota ascendente das exportações, apesar da instabilidade nos mercados financeiros, com destaque para a cotação do petróleo e a desvalorização do euro, que tem aspectos positivos, mas também negativos para o sector.

A título de exemplo, refere que as empresas nacionais são fornecedoras da indústria petrolífera e há três países que são importantes para o sector, como Angola, Venezuela e Rússia, que estão a sentir o efeito da queda das cotações. “Actualmente, ainda não é visível uma queda de encomendas, mas se as baixas cotações permanecerem, é provável que aconteça”, refere o líder associativo.

Ainda assim, Rafael Pereira destaca que o sector está hoje muito internacionalizado, exportando para cerca de 200 países, embora para alguns em quantidades muito reduzidas. 

O maior destino das exportações do sector continua a ser a Europa comunitária, que absorve 70% das vendas, já menos que os 81% que representava em 2011.

Um dos desafios do sector é substituir parte das importações realizadas pelo país. “É possível manter o rimo de crescimento e há capacidade instalada ou instalável para substituir parte das importações”, refere Rafael Pereira.

O sector importa matérias-primas, como aço, ferro e outros, que pesam cerca de um terço do valor das exportações, e também equipamentos e máquinas, a que o sector não dá resposta. Mas também importa outros, como tampas de saneamento, que podem ser produzidos, a preços competitivos, internamente. Quem tem a opção das compras, incluindo entidades públicas, deve ter essa preocupação, desafia Rafael Pereira.     

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