Reguladores internacionais proíbem Dreamliner de voar
Depois do incidente de quarta-feira no Japão, os voos do Boeing 787 foram suspensos à escala internacional por razões de segurança.
Reguladores aéreos norte-americanos, japoneses, indianos e europeus suspenderam, na quarta e quinta-feira, todos os voos na sua jurisdição com aviões deste modelo da Boeing.
Assim, dos 49 Dreamliner que se encontravam em funcionamento, apenas nove (da Qatar Airways e da Ethiopian Airlines) poderiam levantar voo. Porém, ao longo da tarde de quinta-feira, os operadores destes 787 decidiram, voluntariamente, suspender os seus voos.
A Administração Federal da Aviação norte-americana (FAA na sigla em inglês) anunciou na madrugada de quinta-feira que todos os Boeing 787 controlados por operadores norte-americanos estão proibidos de voar.
A suspensão, escreve o jornal The New York Times, irá vigorar até que o regulador norte-americano consiga identificar a origem dos incidentes com as baterias deste modelo da Boeing, chamado Dreamliner.
Nos EUA, a decisão da FAA afecta apenas a operadora United Airlines, a única naquele país que tem este modelo “revolucionário” ao seu serviço.
Pouco depois do anúncio do regulador norte-americano, a única operadora europeia com Boeing 787, a transportadora polaca Polish Airlines, anunciou que também suspenderia todos os voos com o Dreamliner.
De acordo com oos jornais Financial Times e The New York Times, na madrugada de quinta-feira outros reguladores aéreos anunciaram medidas semelhantes. Na Índia estão interditados de voar os cinco Boeing 787 controlados pela Air India, e o regulador aéreo do Chile suspendeu os Dreamliner operados pela Lan Airlines.
49 em funções, nove a voar
Isto significa que dos 49 Dreamliner que se encontram ao serviço em todo o mundo, apenas nove estão agora autorizados a levantar voo.
A primeira proibição aconteceu na manhã de quarta-feira e envolveu as empresas All Nipon Airways e Japan Airlines. Estes são os dois únicos operadores japoneses com 787 na frota. Em conjunto têm 24 Dreamliner – quase metade do número total de aviões no activo em todo o mundo.
A suspensão de todos os voos com este modelo foi anunciada depois de um problema com a bateria de uma destas aeronaves ter obrigado a uma aterragem de emergência em Tóquio.
Na quarta-feira, um Boeing 787 que partira da capital japonesa foi forçado a aterrar no aeroporto de Takamatsu, situado nos arredores de Tukushima, depois de a tripulação ter detectado um cheiro a queimado no avião e de os alertas no cockpit terem disparado devido a problemas com as baterias.
O voo terá durado 15 minutos, disse um dos passageiros à Reuters. Porém, segundo os registos dos controladores aéreos consultados pela agência de notícias, o voo durou 45 minutos.
Os 129 passageiros abandonaram o Dreamliner pelas saídas de emergência. Não há registo de qualquer ferimento sério.
Este foi o terceiro incidente em pouco mais de uma semana com um 787. Na passada segunda-feira, a bateria auxiliar de um Dreamliner estacionado no aeroporto de Boston, nos EUA, incendiou-se e obrigou à intervenção dos bombeiros.
Apenas um dia depois, outro 787 foi forçado a suspender a descolagem em Tóquio, após se ter identificado uma fuga de combustível. Há ainda registos de mais quatro incidentes ao longo de 2012, três deles em Dezembro.
A jóia da coroa da Boeing pode dar prejuízo
A Boeing apresentou o Dreamliner como um salto em frente na indústria de aviação. Um posicionamento que, em parte, terá contribuído para que este se tornasse no modelo com maior sucesso comercial desde que há registo. O valor nominal de cada Boeing 787 anda à volta de 155 milhões de euros.
Apesar de o voo inaugural ser recente (Outubro de 2011), já foram encomenadas 848 unidades. Somente 49 aviões foram entregues.
Tido como a “jóia da coroa” da Boeing, é o primeiro construído sobretudo a partir de materiais de carbono. Mas o aspecto mais “revolucionário” é o facto de consumir 20% menos do que uma aeronave de tamanho comparável.
O modelo tinha a estreia inicialmente agendada para 2008, mas vários problemas na linha de montagem atrasaram o primeiro voo oficial. A Reuters citava, na quarta-feira, fontes próximas da empresa norte-americana, acusando-a de ter apressado a saída do 787 para o mercado, com receio de perder mais encomendas. Esta é uma versão rejeitada pela empresa.
Notícia actualizada às 8h59 e às 20h21