Problema do desemprego tem que ser “rapidamente atacado”, diz Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal defende que é preciso “transformar os desempregados em trabalhadores interessantes e qualificados para outras áreas”.

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Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal NFACTOS/JORGE MIGUEL GONCALVES

“Trata-se de uma realidade que tem que ser rapidamente atacada”, disse o responsável, num encontro com jornalistas, em Lisboa, apontando para a quebra da procura para justificar a diminuição de postos de trabalho no país.

Carlos Costa salientou que “o ajustamento económico português levou à redução da procura por bens não-transaccionáveis”, exemplificando com a realidade vivida nos sectores da construção civil e das obras públicas, que durante muitos anos ajudaram a sustentar os índices de empregabilidade em Portugal.

“Portugal era até há pouco tempo um país de imigração, que necessitava de mão-de-obra, sobretudo, para estes sectores. Com a quebra da procura, houve uma descida da necessidade de postos de trabalho”, assinalou.

Por isso, o governador defendeu que é necessário agora “fazer a transferência de trabalhadores do sector dos bens não transaccionáveis para o sector dos bens transaccionáveis”, sublinhando que isto só é possível com investimento nesta última área.

“Quando o investimento retomar, é de esperar um aumento das necessidades de pessoal das empresas. Agora, não se passa da área da construção civil para a área fabril, por exemplo, sem haver uma requalificação profissional”, sustentou.

“Temos que criar essas condições para impulsionar o investimento em bens transaccionáveis, que vão criar novos empregos, diferentes dos existentes anteriormente”, afirmou Carlos Costa.

O responsável disse também que é preciso “transformar os desempregados em trabalhadores interessantes e qualificados para outras áreas em que se possam criar postos de trabalho”.

A taxa de desemprego subiu em Portugal para os 17,7% no primeiro trimestre, face aos 16,9% observados no trimestre anterior, com o número de desempregados em Portugal a ultrapassar os 950 mil, divulgou hoje o INE.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego aumentou, assim, em termos trimestrais 0,8 pontos percentuais e 2,8 pontos percentuais face ao período homólogo.

Entre Janeiro e Março, o INE contabilizou 952,2 mil desempregados, o que representa um acréscimo trimestral de 3,1% (mais 29 mil pessoas) e homólogo de 16,2% (mais 132,9 mil pessoas).

Os números observados no final do primeiro trimestre atingem níveis absolutamente históricos, num contexto de subidas da taxa de desemprego em Portugal desde o segundo trimestre de 2008, altura em que se situava nos 7,3%, o equivalente a 409,9 mil desempregados.