Presidente de Chipre pede revisão do resgate para salvar economia

Anastasiades diz que condições do resgate estão a conduzir o país para uma recessão cada vez mais grave.

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Numa carta enviada na semana passada e divulgada nesta terça-feira pelo Financial Times, Nicos Anastasiades diz que a reestruturação dos dois maiores bancos do país, uma questão central para o resgate de Março, foi "feita sem uma preparação cuidadosa", fazendo desaparecer o dinheiro de tesouraria de muitas empresas cipriotas e exigindo controlos de capital sem precedentes que estão a sufocar a economia da ilha, adianta o jornal britânico.

"[A] economia está a ser conduzida para uma profunda recessão, o que leva a um crescente desemprego e uma consolidação fiscal cada mais difícil", escreve Anastasiades, na missiva enviada aos chefes das três instituições da UE e do Fundo Monetário Internacional. "Exorto-vos a rever as hipóteses de forma a dar a Chipre e ao seu povo uma perspectiva viável para o futuro."

Anastasiades pediu aos líderes da UE para flexibilizarem as exigências feitas em relação à reestruturação e fusão parcial dos seus dois maiores bancos, que representam 80% do sector bancário nacional, apoiado por mais empréstimos da zona do euro.

Um alto responsável da zona euro, directamente envolvido nas negociações cipriotas, disse, citado pelo Financial Times, que as autoridades da UE estavam "perplexas" com a carta, acrescentando que os ministros das Finanças iriam discutir o assunto na próxima reunião do Eurogrupo, agendada para quinta-feira, mas que seria improvável que aceitassem o pedido.

"No essencial, o Presidente está a pedir uma inversão completa do programa", disse este responsável, acrescentando que o fracasso na preparação do país para o impacto do resgate é parcialmente culpa do Governo liderado por Anastasiades, que recusou o primeiro resgate acordado para aceitar um semelhante nove dias depois.

O resgate de Chipre obrigou ao encerramento do segundo maior banco do país, o Laiki, e a uma reestruturação drástica da maior instituição bancária da ilha, o Banco de Chipre. Uma outra parte do resgate ao país tem origem na controversa tributação das contas superiores a 100 mil euros. No quadro do plano de resgate negociado até 2018, Chipre deverá igualmente aumentar os impostos, reduzir os efectivos da função pública e privatizar algumas empresas públicas, mudanças exigidas pelos credores internacionais como contrapartida para proporcionarem financiamento externo.

Na sua carta ao Eurogrupo e à troika de credores internacionais, Anastasiades disse que os termos do acordo do resgate estão a verificar-se onerosos para o Banco de Chipre, que não está a conseguir levantar o dinheiro necessário para executar as suas operações do dia-a-dia.

"O sucesso do programa aprovado pelo Eurogrupo e pela troika depende de um Banco de Chipre forte e viável”, sublinha o líder cipriota.
 
 

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