Preferência pela casa própria foi evidente até 2011, mas cenário pode estar a mudar
Em Portugal, três em cada quatro casas são ocupadas pelos proprietários, segundo um estudo do INE e do LNEC.
No seminário O Parque Habitacional e a Sua Reabilitação: Retrato e Prospectiva, a decorrer nesta terça-feira, em Lisboa, foi revelado que três em cada quatro casas, em Portugal, são ocupadas pelos proprietários. Na apresentação Casa Própria ou Arrendamento: Perfil da ocupação residencial em Portugal, Bárbara Veloso, do INE, notou, porém, com base em dados do Banco de Portugal, uma tendência para a diminuição de créditos para a compra de casa e aumento do incumprimento. Comentou, ainda, a mobilidade das pessoas, nomeadamente a nível profissional, para ser colocada a hipótese de mudança do paradigma.
As regiões de Lisboa e do Porto tinham uma maior proporção de ocupação por arrendatários, mas foi a região dos Açores que registou a taxa de crescimento mais elevada do número de alojamentos arrendados. Segundo os dados disponibilizados, a proporção de alojamentos arrendados situava-se nos 19,9%. Apesar de um aumento de 7,3% entre 2001 e 2011, o “peso dos alojamentos arrendados no total de alojamentos familiares clássicos manteve-se, em 2011, semelhante ao de 2001”.
Assim, Portugal, com 73%, estava entre os países com maior proporção de alojamentos ocupados por proprietários na União Europeia, que tinha uma média de 70%. A maioria dos alojamentos arrendados era, em 2011, propriedade de particulares ou de empresas privadas.
O valor médio mensal das rendas registou um aumento, passando de 123 euros, em 2001, para 235 euros, em 2011, o que, numa análise a preços correntes de 2011, corresponde a uma variação de 50,6%. “Apesar disso, o valor médio dos encargos mensais com a habitação própria manteve-se superior, passando de 291 euros em 2001 para 395 euros em 2011 (a preços correntes de 2011, corresponde a uma variação de 7,3%)”.
Os alojamentos arrendados propriedade de particulares e de empresas privadas eram os que, em termos médios, tinham rendas mais elevadas, tanto em 2001 como em 2011 (140 euros, em 2001, e 262 euros, em 2011). Em contrapartida, o maior acréscimo no valor das rendas, verificado no período de 2001 a 2011, ocorreu no parque habitacional público pertencente ao Estado, institutos públicos autónomos e instituições sem fins lucrativos (119,2%, que correspondeu a um acréscimo, em valor absoluto, de 58 euros).
O menor valor de renda, em termos médios, manteve-se no parque habitacional pertencente às autarquias locais (43 euros em 2001 e 85 euros em 2011).