Portugal precisa de um “choque de competitividade”, diz Luís Amado
Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros apela ao espírito de cooperação e diz que "o povo precisa muito de ter confiança" nas elites políticas e empresariais.
“Precisamos de um grande choque de competitividade e de abertura da economia portuguesa ao exterior porque o país, o Estado, as empresas e as famílias estão muito endividadas e precisamos de atrair capital e investimento externo directo para a nossa economia”, disse na conferência patrocinada pelo Diário de Notícias da Madeira, no âmbito da iniciativa as “100 Empresas”.
O presidente do Conselho de Administração do Banif – Banco Internacional do Funchal lembrou que “Portugal, a Europa e a Madeira estão numa encruzilhada muito grande” que, “em conjunto”, têm de encontrar soluções.
Na conferência, Luís Amado enumerou algumas condições para recriar a confiança e retomar o crescimento económico: “Essas condições são sobretudo estabilidade política, estabilidade social, precisamos de ter atenção aos problemas do financiamento externo, a nossa economia e o Estado estão muito dependentes do financiamento exterior e é preciso dar muita atenção às condições em que nos financiamos e precisamos de resolver alguns problemas estruturais que nos trouxeram até aqui.”
Para o também ex-ministro da Defesa, “isso pressupõe que o país se torne num país amigo das empresas, amigo dos capitais, amigo do estrangeiro, e a Madeira é um caso de uma economia aberta, que tem uma relação forte também com a economia nacional e europeia”.
Luís Amado advogou ainda, falando à margem da conferência, que a altura é para a união, porque “esta crise é uma crise perfeita”.
“O povo precisa muito de ter confiança desde logo nas suas elites do Governo, nas elites empresariais que criam emprego, que investem e que promovem o crescimento económico, e é essa relação de confiança que é preciso estabelecer entre o povo, a sociedade e as suas elites políticas, governamentais e empresariais.”
“Num tempo com problemas tão complexos e tão difíceis, as pessoas têm de ter a noção de que têm de estar muito mais unidas do que num período em que a vida corre normalmente”, insistiu.
De acordo com Luís Amado, Portugal e a Madeira estão perante “uma tempestade terrível e, portanto, se as comunidades não se protegerem, começando pela família e pela entreajuda familiar, nas empresas onde é preciso ter um grande sentido de solidariedade institucional, nas organizações em geral, sem esse esforço colectivo os problemas que o país tem e que a região também conhece não serão superados com facilidade”.
“É preciso um espírito de cooperação muito forte, garantindo que se estabeleçam as relações de confiança na nossa economia”, concluiu.
As “100 empresas” é uma iniciativa do DN da Madeira que visa destacar as cem maiores empresas regionais que sobressaem pelo seu desempenho económico.