Portugal é o mais inovador entre os países do sul da Europa
Indicadores da Cotec colocam o país em 29.º lugar, uma subida face a 2013 que posiciona Portugal acima de Espanha e Itália.
O índice global, apresentado esta quinta-feira em Lisboa, agrega resultados obtidos em vários estudos sobre inovação e os 52 países também acompanharam a tendência de crescimento. O valor médio situou-se nos 3,62 pontos, uma subida de 0,11 pontos face à edição do ano passado. A Suíça continua a liderar o indicador de inovação, seguida da Finlândia, Dinamarca, Suécia e Alemanha. No fim da tabela estão o Paraguai, a Roménia, a Bulgária, a Grécia e a Venezuela.
Apesar da evolução positiva, Portugal mantém-se abaixo da média global e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Aliás, considerando apenas os países que compõem esta organização é o nono pior classificado, destacando-se apenas em pilares dedicados ao “empreendedorismo” e “rede de contactos”. Face à União Europeia (a 27), está quatro posições abaixo da média.
No sul da Europa, Portugal é o melhor colocado, ultrapassando Espanha depois de, no ano passado, ter perdido esta corrida. Também está à frente de Itália, que ocupa o 32º lugar.
No entanto, a recuperação de Portugal não altera o perfil que tem vindo a ser traçado neste estudo que a Cotec, Associação Empresarial para a Inovação, começou a elaborar em 2010. Continua a ser um país "cigarra", ou seja, incapaz de transformar a inovação em resultados concretos e com impacto na economia e na sociedade, tal como acontece em outros 14 países (é o caso, por exemplo, do Canadá). Tem pontuações mais elevadas nos indicadores sobre as condições e os recursos disponíveis, e inferiores nos temas relacionados com resultados ou “processos”. Está, ainda, entre os países considerados como “inovadores moderados”, a par da Austrália, China ou Israel. Geograficamente, os países líderes em inovação estão distribuídos pelo Norte e Centro da Europa.
Emigração penaliza resultados
Em termos globais, Portugal consegue subir em oito dos dez indicadores analisados. As diminuições face ao ano passado ocorrem nas áreas de “capital humano” – a primeira quebra desde 2011 -, e "aplicação de conhecimento". A falta de qualificação, “aliada à recente onda de emigração impactam seriamente o capital humano”, diz o estudo, que também destaca a menor despesa em educação, o menor número de doutorados e as “crescentes dificuldades em atrair e reter talento”. Quanto à aplicação de conhecimento, em causa está a “falta de crescimento da produtividade”, que “limita a actividade nacional”. Além disso, Portugal “continua a não recorrer a patentes como forma de proteger as suas inovações”, sustenta o documento.
Apesar de ter conseguido evoluir este ano num cenário global, Portugal está entre o grupo de países com pior desempenho na eficiência judicial, no impacto dos impostos sobre o trabalho e o investimento e na falta de colaboração entre as Pequenas e Médias Empresas (PME). Além disso, destaca-se pela negativa pelo baixo emprego e exportações em alta tecnologia, e um baixo valor acrescentado bruto da inovação. O pilar relacionado com o financiamento teve a maior quebra do estudo, de quase 30%, impulsionada pela descida na concessão de crédito às empresas e às famílias.
No lado oposto está o desempenho no pilar dedicado às tecnologias de informação, em que o país obtém a melhor pontuação absoluta e muito acima da média do relatório. “Esta posição é conseguida graças ao número de linhas fixas instaladas e ao acesso de escolas nacionais a internet de banda larga”, explica-se. Também houve melhorias nos indicadores “rede de contactos” e “empreendedorismo”, que estavam em quebra desde o início do barómetro.