Foi nas microempresas que se destruíram mais empregos em 2012
As empresas que empregam até dez pessoas viram desaparecer 166 mil postos de trabalho, segundo o INE. Maior queda em termos percentuais foi nas empresas de pequena dimensão.
No entanto, em termos absolutos, foi nas microempresas (que empregam até dez pessoas, contabilizando empresas individuais e sociedades) que se assistiu à maior destruição de postos de trabalho, com uma variação negativa de 166.074 empregos (-5,2%), revelou o INE no documento Empresas em Portugal – 2012.
No conjunto das 1,06 milhões de PME existentes em Portugal em 2012, apenas 36.645 eram pequenas empresas, o que significa uma queda de 9,4%, que asseguravam 669.143 empregos. A esmagadora maioria das sociedades não-financeiras, 1,019 milhões, eram microempresas, e as médias empresas (menos de 250 trabalhadores e mais de 50) não iam além das 5628. O universo das microempresas empregava cerca de 1,5 milhões de pessoas e as médias 499 mil (menos 6,7%, ou seja, 53.491). Já as grandes empresas empregavam cerca de 769 mil pessoas (menos 4,3%).
Este foi o primeiro ano da implementação do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) com a troika de credores (FMI, BCE e Comissão Europeia), num contexto de forte restrições ao crédito (muitas das PME dependem de empréstimos bancários e têm elevados níveis de endividamento) e de queda acentuada do consumo interno.
Por sector de actividade, foi na construção que a diminuição de emprego mais se fez sentir (menos 15,2%), tendo sido também este o sector em que desapareceram mais empresas em Portugal em 2012 – menos 10,5%, para 88.797 empresas, com um total de 344.185 trabalhadores.
Em contrapartida, o sector da Energia e Água assistiu a um crescimento de 5,3% do número de empresas (2054) e uma redução de apenas 1,0% do emprego. No total, trabalhavam neste sector 39.588 pessoas.
Os sectores da Energia e Água e os da Agricultura e Pescas foram, segundo a análise do INE, os únicos sectores que em 2012 apresentaram crescimentos do valor acrescentado bruto (VAB) e do volume de negócios.
“A contracção da actividade económica alargou-se à quase totalidade das empresas não-financeiras, exceptuando-se os sectores da Energia e Água e da Agricultura e Pescas, os únicos a apresentarem crescimentos do VAB e do volume de negócios num contexto económico adverso”, lê-se no documento Empresas em Portugal – 2012.
Estes sectores foram também os que apresentaram taxas de investimento mais elevadas em 2012, acrescenta o INE, destacando que “a quase totalidade das empresas não-financeiras eram PME (99,9%), mas uma parte significativa do VAB foi gerado por empresas de grande dimensão (40,2%)”.
Em 2012, o VAB a preços de mercado gerado pelas 1.062.782 empresas não-financeiras existentes em Portugal foi de 75.969 milhões de euros, enquanto o investimento em activos fixos tangíveis atingiu 13.462 milhões. Entre 2008 e 2012, estes dois indicadores registaram taxas de variação média anuais de -4,4% e -17,4%, revela o INE.
No caso das empresas financeiras (que totalizavam 23.670, em 2012), o VAB gerado em 2012 foi de 9833 milhões de euros e o investimento situou-se nos 231 milhões. Por outro lado, verifica-se que, de todas as sociedades não-financeiras existentes, 51,1% apresentaram resultados líquidos negativos.
Em 2012, o número total de empresas reduziu-se em 4,4%, para um total de 1.086.452, como resultado de um número de nascimentos inferior à morte das empresas – 134.670 nascimentos contra 208.683 mortes em 2011. A taxa de mortalidade das empresas em 2011 atingiu 18,4% e, nesta contabilidade, as empresas individuais morreram mais do que as sociedades (com taxas de mortalidade de 22,5% e 9,7%, respectivamente).
Os nascimentos de empresas caíram 4% em 2012, 1,6% no caso das empresas individuais e 11,8% nas sociedades.