Parceiros sociais alertam que crescimento é incompatível com mais austeridade

CCP diz que documento apresentado pelo Governo para relançar a economia é “um conjunto de generalidades”. CGTP e UGT alertam para efeitos de novos cortes. CIP foi o único parceiro que considerou a reunião da concertação proveitosa.

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Os parceiros duvidam que haja espaço para novo acordo de concertação social Enric Vives-Rubio

“Amanhã [sexta-feira] o Governo vai anunciar mais austeridade, mais sacrifícios, mais cortes na área da saúde, da educação e da segurança social e hoje verificámos que há uma incompatibilidade total entre o que aqui foi apresentado, o Memorando para o Crescimento, e o que o Governo vai fazer”, disse aos jornalistas o secretário-geral da CGTP, no final da reunião de Concertação Social.

O Governo e os parceiros sociais reuniram-se nesta quinta-feira durante cerca de três horas para discutir a “Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial 2013-2020”, documento com o qual o executivo pretende criar as bases para o crescimento económico, com pressupostos como a reindustrialização, investimento e exportações.

Para o líder da CGTP o encontro tripartido mostrou que “dificilmente se poderá celebrar um acordo de concertação social”, porque acordos anteriores, como o do aumento gradual do salário mínimo, não estão a ser cumpridos e porque “o Governo, pela voz do primeiro-ministro, vai anunciar mais cortes para os de sempre, os trabalhadores”.

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, congratulou-se com o facto de o ministro da economia ter assegurado o cumprimento integral do acordo tripartido de Janeiro de 2012, mas criticou a apresentação ao país pelo Governo, sexta-feira, de novos cortes, antes de os parceiros terem conhecimento das novas medidas de austeridade.

“Esperamos não ser surpreendidos amanhã pelo primeiro-ministro, com um novo pacote de medidas de austeridade e de cortes que venham denegrir o que estamos disponíveis para construir”, disse o sindicalista, referindo-se ao diálogo social em torno de medidas para o crescimento e o emprego.

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, considerou que “esta reunião foi bastante frustrante porque o documento do Governo representa um conjunto de generalidades sem medidas concretas” para relançar a economia.

Admitiu que o documento do Governo contém algumas coisas positivas mas “não tem novidades” e “está muito longe do que é preciso para recuperar a economia portuguesa”.

“Não estamos para entrar em novas discussões enquanto o actual acordo não estiver cumprido. A prioridade deve ser dar cumprimento a este acordo e promover medidas para o crescimento económico”, defendeu.

O presidente da Confederação Empresarial Portuguesa (CIP), António Saraiva, foi o único parceiro a considerar que a reunião de hoje foi proveitosa porque permitiu alguns esclarecimentos.

António Saraiva também manifestou preocupação quanto às medidas de austeridade que o Governo irá anunciar sexta-feira por considerar que neste momento o Governo devia apostar em políticas eficazes para o crescimento económico e o combate ao desemprego.