Países do G20 querem mais crescimento económico e transparência fiscal
Os países mais ricos do mundo, que representam 85% da riqueza mundial, indicaram que podiam atingir um crescimento adicional dos seus Produtos Internos Brutos em 2,1% até 2018, um objectivo que está acima da meta inicial de 2%, e que deverá ser concretizado através de medidas favoráveis ao investimento, comércio e concorrência.
As medidas prometidas pelas maiores potências mundiais para impulsionar a actividade económica vão "adicionar mais de dois mil milhões de dólares norte-americanos à economia global e criar milhões de empregos", afirmaram os países do G20 na declaração final, em Brisbane.
O alcance desse objectivo passa pela criação de uma plataforma para coordenar os trabalhos do G20 em infraestruturas, reunindo governos, sector privado, bancos de desenvolvimento e outras organizações internacionais, a qual ficará sediada em Sydney.
Os líderes do G20 também concordaram com uma iniciativa global para ajudar a resolver uma lacuna 70 mil milhões de dólares em infraestruturas necessárias até 2030 para melhorar a produtividade, eliminando a burocracia e combinando investimento privado com projectos de capital. Por outro lado, os líderes do G20 referiram o seu apoio ao combate global à evasão fiscal pelas empresas multinacionais.
A Comissão Europeia anunciou esta semana que vai relançar a proposta de directiva sobre a harmonização de impostos sobre empresas na União Europeia (UE), um tema retomado com a polémica sobre benefícios fiscais dados por estados-membros a multinacionais.
O presidente da Comissão Europeia e antigo primeiro-ministro do Luxemburgo (1995 a 2013), Jean-Claude Juncker, apelou na sexta-feira, à margem da cimeira do G20, ao combate à evasão fiscal a nível global. Isto depois de se ter deslocado esta semana ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, para negar, também perante os eurodeputados, ter conhecimento de quaisquer "práticas ilegais" no Luxemburgo de favorecimento de grandes empresas, embora tenha admitido a existência de "engenharia fiscal" no âmbito de um escândalo conhecido como "LuxLeaks".
Por outro lado, o G20 disse apoiar uma "acção forte e eficaz" contra as alterações climáticas e o fundo verde das Nações Unidas, para o qual foram anunciados contributos financeiros dos Estados Unidos e Japão durante a cimeira.
"Apoiamos uma acção forte e eficaz para fazer face às alterações climáticas. Reafirmamos o nosso apoio à mobilização de meios financeiros para a adaptação (às alterações climáticas), tal como o Fundo Verde das Nações Unidas, destinado a ajudar os países pobres mais expostos", indica o comunicado final da cimeira.
Cameron diz que multinacionais não vão fugir ao pagamento de impostos
O primeiro-ministro britânico diz que as multinacionais não vão poder fugir ao pagamento dos seus impostos. "Conseguimos um feito ao assegurar que as grandes multinacionais vão pagar os impostos que devem", afirmou David Cameron, durante uma conferência de imprensa em Brisbane, na Austrália.
O britânico referia-se à declaração final do grupo que aborda medidas para acelerar o crescimento, criar empregos, garantir as obrigações fiscais das empresas e a estabilidade financeira, assim como o combate às alterações climáticas e ao Ébola. "Se todos mantiverem os compromissos do G20 vai haver crescimento, mais emprego e um impulso à economia mundial", adiantou.
Cameron afirmou que a cimeira se centrou nos temas económicos, embora também tenha destacado as propostas para combater as alterações climáticas. Na sua opinião, os passos dados pelos Estados Unidos e a China para a redução da emissão de gases com efeito de estufa serão um "exemplo" para as restantes nações que irão debater o aquecimento global na conferência a realizar no próximo ano em Paris.
Além disso, o primeiro-ministro britânico advertiu que a União Europeia e os Estados Unidos têm uma estratégia comum sobre a Ucrânia e que vão tomar as medidas necessárias cada vez que a Rússia destabilize a situação com as suas acções. Para Cameron, estes países transmitiram "uma mensagem muito clara" à Rússia sobre a sua abordagem à crise ucraniana "nos próximos meses e anos".
Os países membros do G20 representam 85% do PIB mundial, e 80% do comércio global e têm dois terços da população total. O G20 conta entre os seus membros com a União Europeia, o G7 (Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália e França), além da Coreia do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia e Rússia. Além disso, a Austrália convidou a vizinha Nova Zelândia para estas reuniões, nas quais Espanha participa como convidado desde 2010.