Onde PSD e CDS viram abertura na troika, a oposição viu inflexibilidade

Partidos do Governo dizem que troika mostrou abertura para aceitar alargamento do prazo para reduzir o défice.

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A troika em Lisboa. A sétima avaliação que hoje se inicia vai ser um momento decisivo da história do programa Daniel Rocha

A reunião dos responsáveis da troika actualmente presentes em Portugal com os deputados da comissão parlamentar de acompanhamento do programa de ajustamento português docorreu esta terça-feira à porta fechada. À saída, os membros da troika não falaram. O relato do encontro ficou a cargo dos deputados, com versões, como é hábito, bastante diferentes de acordo com o partido a que pertencem.

Do lado dos partidos que apoiam o Governo, foi dito que a troika revelou bastante abertura para realizar mudanças ao programa de ajustamento. "Disseram que vão proceder às alterações necessárias ao programa, para que ele, no fim, possa ser bem-sucedido", afirmou Miguel Frasquilho, revelando ainda que os responsáveis da troika disseram ter "visto a manifestação e tirado ilações". O deputado do PSD concretizou ainda que foi manifestada abertura para que seja dado mais um ano a Portugal para cortar o défice público. "A troika está a dar mais atenção aos indicadores orçamentais estruturais e disse que dois terços desse ajustamento estrutural já estão feitos".

Cecília Meireles, do CDS, também notou no encontro "alguma abertura da troika", quer em relação ao prazo para reduzir o défice, quer nos cortes de despesa. A deputada afirmou ainda que o CDS manifestou na reunião o desejo de que os cortes de despesa que venham a ser realizados sejam "socialmente aceitáveis".

Do lado da oposição, em vez de abertura, o que se viu da troika foi inflexibilidade. "A troika começou por dizer que notou e reparou na manifestação de sábado, mas não mudou nada", afirma Luís Fazenda. O deputado do Bloco de Esquerda diz que "a inflexibilidade foi a nota dominante" no discurso dos representantes da troika. "Disseram que as coisas estão a correr menos bem, mas que não tem a ver com o programa, mas apenas com a recessão europeia. Foi como que uma auto-absolvição", afirmou.

Miguel Tiago, do PCP, diz que continuou a encontrar na troika uma "parede insensível", que não deu importância a questões como o desemprego ou a queda da procura interna. O deputado relata que, em relação ao alívio da austeridade, "foi-nos dito que há muito pouca margem para a alteração das metas".

Do lado do PS, Fernando Medina preferiu "não ser o intérprete do que disse a troika", tendo apenas relatado aquilo que foi dito pelo partido na reunião. "Pequenos ajustamentos, como mais um ano para reduzir o défice, não são suficientes", disse o deputado, defendendo que é necessária uma mudança completa de estratégia em Portugal, que inclui "parar com a adopção de mais medidas de austeridade em Portugal".

E, em relação à decisão do Eurogrupo e do Ecofin de darem passos para o alargamento do prazo para Portugal pagar os empréstimos europeus, Fernando Medina disse que, apesar de importantes, não chegam. "Lamentamos que não tenham vindo do Ecofin sinais muito mais claros em relação à situação dramática que se vive hoje em Portugal", disse.

 
 
 
 
 

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