Olli Rehn: Portugal teve reacção tardia, quando já estava “encostado à parede”
O comissário europeu disse que o processo de ajustamento não teria sido tão doloroso se Portugal tivesse actuado logo em Junho de 2010.
Durante uma conferência sobre governação económica no Parlamento Europeu, em Bruxelas, com a participação de deputados dos parlamentos nacionais dos diversos Estados-membros, em resposta a intervenções dos deputados socialistas Eduardo Cabrita e João Galamba sobre os custos, para Portugal, da reacção tardia da UE, o comissário Olli Rehn defendeu que se tratou sobretudo de “uma reacção nacional tardia”.
Segundo o comissário, o processo de ajustamento não teria sido tão doloroso se Portugal tivesse actuado mais cedo, e não apenas quando já estava “encostado à parede”, em Abril de 2011, recordando que quase um ano antes, em Junho de 2010, já falava sobre a possibilidade de um programa com o então ministro das Finanças (do Governo socialista de José Sócrates), Fernando Teixeira dos Santos.
“Foi também uma reacção nacional tardia, pois, embora o programa tenha começado no Verão de 2011, recordo as minhas primeiras conversas com o ministro das Finanças de Portugal em Junho de 2010, um ano antes disso, sobre um possível programa de ajustamento económico, porque vimos que a situação económica de Portugal estava a ficar cada vez mais e mais fraca”, disse
Rehn acrescentou que, do seu ponto de vista, “quanto mais cedo Portugal actuasse, para ter sucesso no seu reequilíbrio”, menos necessidade haveria de um “processo de ajustamento doloroso”, pelo que “teria sido melhor” actuar “antes de estar encostado à parede, em Abril de 2011”.
Portugal pediu oficialmente assistência financeira à União Europeia, aos Estados-membros da zona euro e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a 7 de Abril de 2011, tendo o acordo de empréstimo sido aprovado pelo Conselho Europeu e assinado a 17 de Maio de 2011.
Ainda como resposta às intervenções dos dois deputados do PS à Assembleia da República, assim como da eurodeputada socialista Elisa Ferreira, designadamente sobre o aumento do desemprego em Portugal como consequência da implementação do programa de ajustamento, o vice-presidente da Comissão Europeia sustentou que, “na ausência de um programa, as consequências sociais teriam sido ainda muito mais duras”.