O que vai ficar mais caro (e os preços que se mantêm) em 2014
À semelhança dos últimos anos, 2014 vai trazer novos aumentos dos preços. E menor poder de compra. Embora não tão drásticas como em 2012, as despesas dos portugueses vão aumentar em áreas como a electricidade, taxas moderadoras, rendas e transportes.
O chumbo do Tribunal Constitucional à convergência das pensões, que deixou um buraco de 338 milhões de euros no OE, também poderá vir a ter um efeito adverso no poder de compra dos portugueses, caso o Governo opte, por exemplo, por compensar a medida com uma subida do IVA. O aumento da factura da água ou do gás, assim como dos preços na restauração, não são dados adquiridos, mas dados como prováveis, tendo em conta a actual conjuntura.
Factura da luz vai pesar mais no próximo ano
A ERSE revelou este mês que a factura da electricidade dos consumidores domésticos sofreria uma subida de 2,8%. Segundo a ERSE, numa factura de 46,5 euros, o aumento é de 1,21 euros. Apesar de apenas aplicada aos clientes que se encontram na tarifa regulada, também os consumidores do mercado liberalizado deverão ver aplicada uma tarifa similar, pois a maioria dos operadores indexa os seus preços às tarifas transitórias.
Telecomunicações e Internet mais caras
Os aumentos deverão andar entre os 2% e os 2,5%, ou seja, superior à inflação prevista no OE. Zon Optimus e PT vão subir os tarifários para a rede móvel e para a rede fixa já em Janeiro, sendo que a Vodafone só o fará em Fevereiro. Os serviços Meo aumentam, em média, 2% e os restantes operadores 2,5%. Apenas os serviços onde estão incluídos voz, net fixa, comunicações móveis e TV não devem sofrer qualquer aumento.
Inquilinos vão pagar mais pelo arrendamento
Em linha com a inflação prevista pelo Governo, as rendas irão ser actualizadas em 1%. Publicado em Setembro em Diário da República, este aumento é inferior ao registado em anos anteriores. A actualização das rendas poderá ser feita a partir de 1 de Janeiro, mas a escolha é do senhorio. Nos últimos dois anos, tendo em conta a conjuntura económica, muitos senhorios optaram por não o fazer.
Tarifas dos transportes públicos continuam em alta
O preço dos transportes públicos vai subir 1% em 2014. O Governo está a fazer “apenas o ajustamento à inflação estimada para 2014”, disse o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, à Lusa. Em 2013, o preço dos transportes públicos registou um aumento de 0,9%, em 2012 subiu 5% e outros 5% em Agosto de 2011 (aumento extraordinário). Em Janeiro de 2011, o preço tinha já subido 4,5%, ainda com o executivo socialista.
Portugueses pagam mais pelo audiovisual
Em Outubro, a proposta no OE para o financiamento da RTP implicava um aumento de 40 cêntimos na contribuição mensal para o audiovisual, de 2,25 euros para 2,65 euros mais IVA cobrados na factura da electricidade. Tal representaria uma subida de 18%. Com o fim das indemnizações compensatórias, a taxa do audiovisual irá sofrer um aumento, apesar de a percentagem ainda poder ser alvo de ajustes.
Bebidas alcoólicas vão ter mais impostos
Tendo já sofrido um aumento de 7,5% em 2013, os impostos sobre as bebidas alcoólicas vão subir entre 1% a 5%. Por exemplo, a tributação das bebidas espirituosas (onde se enquadram, nomeadamente, a vodka ou o gin) vai subir 5%. Aguardentes vínicas e vinho do porto sofrerão um aumento de 4,9%, enquanto o aumento nas restantes bebidas alcoólicas oscilará entre os 0,93% e o 1%, dependendo do volume de álcool.
Cigarros, cigarrilhas e charutos aumentam
O imposto sobre o tabaco vai aumentar dependendo da tipologia. Sobre o preço de venda de charutos e cigarrilhas vai incidir uma taxa de 25%, contra os 20% praticados actualmente. Nos cigarros, o elemento ad valorem passa de 20% para 17%, mas o elemento específico aumenta 10%. Quanto ao tabaco de enrolar, o elemento ad valorem mantém-se em 20% e a taxa do elemento específico sobe de 0,065 euros para 0,075 euros por grama.
Gás só volta a aumentar em meados de 2014
Ao contrário do que fez com a electricidade, a ERSE ainda não revelou se as tarifas do gás sofrerão alterações em Janeiro. Tal não deverá acontecer mas, os aumentos anuais são definidos pela entidade e o último aconteceu em Julho, quando a subida do preço da factura foi de 3,9%. Esta tarifa deve ser revista até meados de 2014, e na próxima revisão não é de excluir um novo agravamento do preço.
Restauração ameaça com novas subidas
Não é certo o que vai acontecer ao preço da restauração. O IVA mantém-se nos 23%, o que pode levar os estabelecimentos a aumentar os preços. O director geral da AHRESP, José Manuel Esteves disse mesmo que “se os estabelecimentos não aumentarem os preços só têm um caminho, que é fechar”. O aumento dos custos de contexto levam o dirigente a considerar “natural” o aumento, apesar da crise que atravessa o sector.
Preço da água ainda é uma incógnita
Não foram até agora anunciadas alterações na factura da água. No entanto, a nível nacional há uma tendência para a subida de preços devido ao défice tarifário que atravessa o sector. A decisão de alteração do preço é tomada localmente, sendo que a Águas de Coimbra, em contraciclo, aprovou uma redução de 5% na factura dos consumidores domésticos e não-domésticos.
Automóveis a gasóleo com taxa adicional
Em 2014, os automóveis a gasóleo vão pagar uma taxa adicional em sede de IUC. A acrescer à actualização anual, consoante a idade e cilindrada do veículo, soma uma taxa que pode variar entre 1,39 euros e 68,85 euros. O OE também prevê um aumento entre 15% (em automóveis com um valor inferior a 20 mil euros) e 35% (para os valem mais de 35 mil euros) no imposto a pagar pelas empresas sobre os encargos com os carros de serviço.
Portagens mantêm-se pela primeira vez desde 2010
O preço das portagens vai-se manter, o que não acontecia desde 2010. No ano passado, o aumento médio foi de 2,03%, em 2012 foi de 4,36% e em 2011 de 2,2%. A actualização do preço das portagens é estabelecida pela taxa de inflação homóloga sem habitação no continente conhecida até dia 15 de Novembro, sendo que, este ano, esse valor foi negativo, fixando-se nos -0,27%.
Taxas moderadoras só sobem nos hospitais
A partir de 1 de Janeiro, as taxas moderadoras pagas pelo acesso aos cuidados de saúde hospitalares vão aumentar. Nos centros de saúde tal não acontece, por opção do Governo. Segundo os cálculos do Jornal de Negócios, este aumento resulta da actualização anual à inflação, que deverá rondar os 0,6%. Desta forma, uma consulta de especialidade num hospital que custaria 7,75 euros passa a custar 7,80 euros.
Preços dos medicamentos genéricos congelados
O Ministério da Saúde decidiu suspender a revisão de preços dos medicamentos genéricos, o que significa que o preço mantém-se inalterado em 2014. De acordo com a portaria publicada em Diário da República, o nível médio de preços praticados para estes fármacos já eram inferiores aos “preços de máximos que resultariam da sua revisão”.
Produtores optam por manter preço do pão e leite
Os preços do pão e do leite deverão manter-se. O presidente da ACIP, Francisco Silva, explicou à Lusa que o preço deverá manter-se à custa da indústria, “atendendo às circunstâncias macroeconómicas”. A subida do preço do leite foi “muito superior à capacidade da indústria” reflectir o aumento em 2013, mas não são expectáveis aumentos nos próximos meses, disse à Lusa o director-geral da ANIL, Paulo Costa Leite.