Número de turistas chineses em Portugal disparou 232% em quatro anos
Só na hotelaria, visitantes oriundos da China gastaram 34,2 milhões de euros em 2013, o valor mais alto desde 2009. Curso prático vai ensinar portugueses a receber melhor estes turistas
Tendo em conta o número de chineses que já está a viajar fora do seu país de origem – cerca de 83,2 milhões contabilizados em 2012, o último ano disponível – o potencial de crescimento não é de ignorar e, por isso, numa parceria entre a consultora Edeluc e a Câmara de Comércio Luso-Chinesa (CCILC), o COTRI (China Outbound Tourism Research Institute) vem pela primeira vez a Lisboa e ao Porto para dar formação específica a quem recebe turistas chineses em lojas, hotéis ou restaurantes.
Entre 2009 e 2013, os gastos nos hotéis nacionais feitos por chineses passaram de perto de quatro milhões, para 34,2 milhões de euros, no mesmo período, ou seja, 758%. Ao mesmo tempo, o investimento da China em Portugal tem ocupado as páginas dos jornais desde a aquisição de participações na EDP e na REN, protagonizada pela China Three Gorges e a State Grid, respectivamente.
No ano passado, o grupo BEWG (Beijing Enterprises Water Group) comprou a operação do grupo Veolia no sector do tratamento de águas em Portugal e, já em 2014, a Fosun ganhou a privatização da maioria do capital do negócio de seguros da Caixa Geral de Depósitos. Além disso, a concessão dos vistos gold ajudou a posicionar a imagem do país e atraiu novos investidores e Cavaco Silva termina uma visita à China para fomentar as relações económicas. Também António Pires de Lima, ministro da Economia que acompanhou o Presidente da República na viagem oficial, voltou a lembrar a intenção antiga, mas nunca concretizada, de uma ligação aérea directa entre Lisboa, Pequim e Xangai para aumentar o número de turistas chineses no mercado nacional..
Mafalda Valério, consultora da Edeluc que está a gerir a formação (agendada para 29 e 30 de Maio), diz que “a diferença entre os turistas europeus e chineses é enorme” e, em Portugal, “há muita necessidade” de formação. “É imprescindível, por exemplo, ter as coisas traduzidas para mandarim. Gostam de saber que o hotel está adaptado, com pequeno-almoço típico chinês”, exemplifica. Há cada vez mais chineses a viajar por conta própria – sem ser em viagens de grupo organizadas – e esses são os chamados “money rich, time poor”, acrescenta. Com muito dinheiro e pouco tempo, os chineses gostam de visitar mais do que um local e é “preciso fazer uma adaptação dos serviços oferecidos", defende.
Para já, há 20 inscrições formalizadas, de grupos hoteleiros nacionais. A intenção é organizar vários cursos práticos para ensinar os participantes a “melhor compreender, atrair e tratar os viajantes chineses”. “Que eu saiba, não há nenhum hotel em Lisboa adaptados às necessidades destes turistas, desde o feng shui às informações em mandarim. O hotel pode, por exemplo, ter parcerias com guias turísticos que falem mandarim e ofereçam serviços específicos”, diz Fernando Costa Freire.
No programa das conferências, que duram um dia, estão previstas sessões sobre a importância do mercado chinês ou guias práticos de como agradar aos visitantes.