Novo fracasso nas negociações coloca EUA a horas da queda no precipício orçamental
Democratas e republicanos foram uma vez mais incapazes de chegar a acordo no domingo. As atenções centram-se agora na última reunião do Senado, a horas apenas da queda no "precipício orçamental".
A grande divisão entre os dois partidos mantém-se: os democratas querem uma subida concertada de impostos apenas nos rendimentos mais elevados e os republicanos, por outro lado, defendem um aumento generalizado de impostos sobre o rendimento.
Os olhares voltam-se agora para a última sessão no Senado antes do fim do ano e do passo em frente para o "precipício orçamental". A sessão está marcada para as 11 horas da manhã em Washington (16h em Lisboa), o que dá aos dois partidos menos do que 24 horas para negociarem um acordo. As discussões estão centradas no Senado, a câmara alta do Congresso norte-americano, dominada por maioria democrata, mas a aprovação tem que partir primeiro pela câmara baixa, a Câmara dos Deputados, dominada por maioria republicana.
Desde o início das negociações que analistas e políticos norte-americanos apontaram para um acordo de última da hora como o desfecho mais provável do confronto partidário. Apesar de o encontro de domingo ter sido dominado por trocas de acusações partidárias sobre de quem teria sido a culpa do facto de, até agora, não se haver chegado a uma conclusão, os dois partidos parecem optimistas em relação à possibilidade de se evitar o precipício orçamental.
À saída do encontro de domingo, o republicano Mitch McConnel afirmou aos jornalistas que “nenhum ponto” separava os dois partidos, segundo cita o Financial Times, e que pediria o apoio do vice-presidente e antigo senador Joe Biden para ajudar a que haja um consenso antes do final do ano.
Já o líder do partido democrata no Senado, Harry Reid, afirmou que “existem diferenças significativas entre ambos os lados”, mas que há “tempo para atingir um acordo”.
Caso não se chegue a nenhum acordo antes de 1 de Janeiro, os aumentos automáticos de impostos avançam indiscriminadamente, acompanhados de cortes também automáticos na despesa do Estado, sobretudo nas áreas da defesa. Isto porque termina em 2013 a lei de cortes nos impostos para os rendimentos mais elevados, que entrou em vigor durante o mandato do ex-Presidente norte-americano George W. Bush
Este "precipício orçamental", como foi desde cedo apelidado, significaria uma contracção abrupta do consumo interno e do crescimento económico dos EUA, tornando provável uma recessão económica durante os primeiros seis meses de 2013.
Depois de se ter reunido na sexta-feira com os líderes democrata e republicano do Senado, Barack Obama afirmou no domingo que os republicanos “tiveram dificuldades em dizer ‘sim’ uma série de propostas repetidas” e que a pressão estava aumentar, segundo o New York Times.
Cedência dos democratas
O Washington Post avança nesta segunda-feira que os democratas terão abandonado a exigência de aumentos nos impostos acima dos 250 mil dólares (189 mil euros). Os republicanos exigiram desde o início das negociações que, a existirem cortes nos salários mais altos, estes deveriam centrar-se apenas nos rendimentos acima dos 400 ou 500 mil dólares.
Segundo o diário de Washington, os democratas estarão agora dispostos a aumentar os impostos apenas acima dos 450 mil dólares, contrariando a promessa eleitoral de Barack Obama, que apontava para subidas a partir dos 250 mil dólares.
Mas os republicanos ainda vão tentar um novo limite, avança o Washington Post. Segundo o jornal norte-americano, o acordo terá sido selado entre o republicano Mitch McConnell e o vice-presidente Joe Biden no final do dia de domingo, mas a sessão desta segunda-feira no Senado deve ainda contar com a exigência do partido de republicano de subir a fasquia do aumento de impostos para os rendimentos acima dos 550 mil dólares.
Notícia corrigida às 15h49
Corrigida a organização das câmaras do Congresso.